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Feminicídio: números crescendo na pandemia

O tema ganhou visibilidade nesta semana, após o assassinato cruel de uma moradora da Ponte do Imaruim

e69f467caf2539163d2109cb914a6327.jpg Foto: TUMISU/PIXABAY

Por: Sofia Mayer*

 

Quem conhecia a palhocense Patrícia Vicente, via uma mulher vaidosa, trabalhadora, que gostava de se divertir e não media esforços para proteger a família. Suas virtudes e sorrisos, no entanto, foram cessados no último final de semana, depois de ser assassinada e abandonada dentro do próprio carro, no estacionamento de um supermercado, na vizinha São José. O principal suspeito, o então companheiro, estava foragido desde sexta (10) e foi capturado pela Delegacia de Proteção a Crianças, Adolescentes, Mulheres e Idosos (DPCami) do município na noite desta segunda-feira (13). Segundo uma das filhas, o homem tinha histórico de atitudes agressivas e controladoras.

A moradora da Ponte do Imaruim, de 43 anos, é mais um vítima do feminicídio, que vem em crescimento expressivo neste ano. Dados divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos mostram que, com a imposição da quarentena de isolamento social em boa parte dos estados, as denúncias de violência contra a mulher aumentaram 9% em abril de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior. Embora os números municipais não tenham sido divulgados, Palhoça segue a mesma tendência nacional, de acordo com a Polícia Civil.

Seguindo o padrão dos relacionamentos abusivos, o ex-companheiro de Patrícia tentava esconder o comportamento violento junto a pessoas próximas, de acordo com a filha. “Na nossa frente, ele sempre foi um cara possessivo, mas nunca agressivo com ela. Se a gente fosse no quarto para falar com ela, ele vinha correndo para ver o que estava acontecendo”, explica. 

Ela revela, porém, que já havia observado marcas no corpo da mãe, que preferia não expor o namorado, com quem esteve por cerca de um ano, por medo de retaliação. “Quando a gente foi na delegacia, eles disseram que a gente não podia fazer nada, porque não era ela que estava denunciando; então, não tinha, naquela época, como eles intervirem”, comenta a filha, que procurou os agentes por iniciativa própria. Além de Patrícia, as ameaças se estendiam à caçula, de 13 anos, e ao ex-marido. As chantagens aconteciam para forçá-la a continuar no relacionamento. 


A vítima

Patrícia quase sempre trabalhou com serviços gerais, mesmo depois de ter se formado e conseguido licença para atuar como professora. Gostava de se arrumar para sair e também de dançar em casa, enquanto ouvia música. Era uma mulher forte, que lidava com os abusos em silêncio, ao mesmo tempo em que se entregava para ver a família feliz. “Às vezes, deixava de comprar as coisas para ela para comprar pra gente. Botava a gente em primeiro lugar, sempre; sempre nos protegeu de tudo, mesmo quando estava brava ou triste”, recorda a filha.

Todos os dias, quando saía para o trabalho, Patrícia visitava a mãe, para conferir como estava. “Ela almoçava com minha avó, e depois do serviço, passava lá”, relata a filha, lembrando do seu modo cuidadoso de viver. “A família era basicamente tudo para ela”, acrescenta.

A batalha que travava, há anos, contra a depressão era outro desafio que enfrentava; já a sua perseverança para contornar a doença, um motivo de orgulho para as três filhas. “Lutava até hoje em dia contra essa depressão, que perseguiu ela a vida toda. Ele tirou dela a oportunidade de se defender, de lutar para ficar com a gente”, reflete.


Sobre o caso 

O crime aconteceu na madrugada de sexta-feira (10). Câmeras de segurança registraram o momento em que um homem joga o corpo de Patrícia no porta-malas do próprio carro, um Renault/Clio, abandonando posteriormente no estacionamento de um supermercado no bairro Forquilhinha, em São José. As filhas acreditam que o criminoso levou a mulher já desacordada ao local, pois havia sangue por toda a cama do casal.

Ainda na sexta, antes de ser encontrada, um mutirão virtual - que contou com a ajuda de familiares, professores e internautas comovidos pela situação - chegou a ser promovido nas redes sociais para auxiliar nas buscas de Patrícia. 


Suspeito capturado

O ex-companheiro da mulher, principal suspeito do crime, estava foragido desde sexta (10). Após um trabalho intenso de investigação e uma série de diligências e buscas, o homem foi capturado por policiais da DPCami de Palhoça na noite de segunda-feira (13), e está preso, em cumprimento ao mandado.

O homem não reagiu ao ser detido. De acordo com as informações da delegacia, ele estava chegando em um hotel, no Centro de Florianópolis, e usava touca e máscara, provavelmente para evitar que fosse reconhecido. O suspeito, segundo informações obtidas pelos agentes, estava hospedado há dois dias no local e usava um nome falso.

As buscas pelo homem começaram no dia do desaparecimento da vítima, 10 de julho. A DPCami de Palhoça contou com o apoio das Delegacias de Polícia de Pinhalzinho, DPMU Nova Erechim, DPMU de Alfredo Wagner, DPMU de Painel, Deic, DIC de Palhoça e da Diretoria de Inteligência da Secretaria de Estado da Segurança Pública na operação.

A colheita de provas do crime continua ao longo da semana, segundo a DPCami. Assim que for concluída a investigação, o relatório e as evidências serão encaminhados ao Poder Judiciário.


Identificando um relacionamento abusivo

A doutora em Psicologia Clínica, psicóloga e professora universitária Vanessa Silva Cardoso, que estuda questões referentes a relacionamentos abusivos, afirma que, com as recomendações de isolamento social, houve um crescimento expressivo de pacientes mulheres abordando casos de violência dentro do consultório, sediado em Florianópolis. “As pessoas estão com dificuldades de fazer denúncias, porque não podem sair de casa, pois o companheiro está ali constantemente”, explica. 

Como característica padrão, ela destaca que as vítimas tendem a ter dificuldade de identificar quando estão inseridas em uma relação violenta, pois há uma normalização do comportamento agressivo, marcado como uma característica transgeracional: “As nossas avós sofreram com isso, as mulheres da geração da nossa avó, das nossas mães. Isso é tido como normal”.

É necessário, segundo ela, trabalhar a percepção de que não há hierarquia no relacionamento. “Quando começa dentro desse paradigma, a gente entende que essa relação já começa a ser abusiva, e que há uma relação de poder, em que um se sobressai ao outro”, ensina. Para a psicóloga, esse tipo de comportamento pode fazer a mulher se sentir dependente do homem. “Quando o outro detém tudo sobre mim, quando o outro ‘guarda’ os meus documentos, quando o outro detém algo que tire a possibilidade de me constituir como uma pessoa inteira, a gente já começa a pensar que há uma relação abusiva”, exemplifica.

Mesmo quando a conduta agressiva é percebida, o abuso psicológico tende a impedir que mulheres saiam do relacionamento arbitrário. Vanessa explica que isso acontece porque existe um “ciclo da violência”, que começa pela instauração do medo, parte para a agressão propriamente dita, que vai de xingamentos à violência física, terminado com uma fase de “lua de mel”, em que o homem expressa arrependimento, entregando presentes ou revelando atitudes carinhosas. “Para muitas mulheres, fica difícil de sair, porque elas ficam presas nesse ciclo, ficam sem entender: ‘será que a culpa é minha?’. Fazem uma verdadeira lavagem cerebral, porque essa é a característica dessa violência”, observa.

Para identificar o envolvimento em um relacionamento abusivo, a psicóloga recomenda que as mulheres observem se são submetidas a humilhações, em qualquer grau, e se estão passando por problemas de autoestima, se sentindo “muito pequenas” e incapazes. Vanessa adiciona ainda que, dentro desse tipo de convivência, a mulher não relaxa. “Sempre tem que estar à espreita do que está acontecendo. Há uma ansiedade, e muitas vezes ela acaba se deprimindo, apresentando uma série de sintomas”, completa.


Denúncias de feminicídio

A Polícia Civil, por meio da DPCami de Palhoça, reforça a necessidade das vítimas, a qualquer sinal de violência, realizarem denúncia por meio dos canais disponíveis: disque 100 e 181, acesso à Delegacia Virtual (pc.sc.gov.br) e WhatsApp 98844-0011. As acusações podem ser feitas também em qualquer delegacia de Polícia Civil do estado.

Em Palhoça, a DPCami está, desde o dia 30 de junho, em novo endereço, localizado na rua Capri, número 295, no Pagani II. 


* Sob a supervisão de Luciano Smanioto

 


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