
Arquivo Confidencial do Papai Noel – Parte II
Extra! Extra! Beltrano retoma a divulgação do arquivo confidencial das cartas e telefonemas enviados pelos políticos de Palhoça ao Papai Noel no Polo Norte. A chamada “Operação P – Conexão Polo Norte” foi deflagrada pela agência de investigação “Beltrano e Fulanos”, e descobriu o que nossos políticos querem de presente de Natal! É de chorar de emoção, confira!
Nazareno Martins 
“Querido Papai Noel! Sei que, assim como o senhor, eu já estou velhinho, mas sabe como é que é, né... meu desejo é continuar brincando! Sempre acreditei em ti, juro: pra mim, o Papai Noel sempre existiu de verdade!”
Noel: “Meu querido Naza, meu saco ficou murcho de tanto te dar. Você é como eu, não vamos nos aposentar nunca! Fica assim combinado: te dou de presente a candidatura de deputado federal e depois você sossega o facho. Mas pra você ver como são as coisas: nunca em Palhoça alguém me pediu de presente ser deputado federal; depois que você pediu, aí me veio um monte de palhocenses que também querem ir pra Brasília. Não sei pra quê! Não sei se você sabe, mas em Palhoça vocês já tiveram uma comunidade chamada Brasília! Sabia? Ficava ali no Aririú, perto do Paissandu! Mas como gosto muito de ti, vou te deixar escolher: ou dou presente para você ou para o Camilo. Deixa de ser indeciso e resolve de uma vez, pô”!
Nirdo Luz (Pitanta)
“Papai Noel do meu coração! Nunca te pedi nada pra mim, só para o povo de toda Palhoça. Neste Natal, quero de presente a chance de continuar pedindo. Te gosto um tantão assim, oh! Ah, se não for pedir demais, por favor, retira da cabeça do meu filho Rafael essa coisa de querer ser candidato na próxima eleição.”
Noel: “Não me faça rir, Pitanta! Como assim “nunca pedi nada pra mim”? Me engana, me engana que eu gosto. Esse negócio de dar e não receber, você sabe que não funciona. Quero saber se você consegue um carguinho pra mim na Prefeitura ou na Câmara. Consegue?! Papai Noel não é vereador, meu filho! Eu vivo só da época do Natal! Mas como você tem um bom coração, vou atender teu pedido e mandar alguns postes; sabe como é que é, né, pode vir a ser útil, não só na próxima eleição, mas também porque você vai poder continuar encostado. Outra coisa: se eu fosse tu, não teria feito plástica, os eleitores já tinham se acostumado com a cara feia que tinhas! Te vi na Câmara e nem te conheci. Onde está aquele Pitanta que todos nós adoramos? Um conselho: nunca mexa naquilo que por 50 anos deu certo! Quanto ao Rafael, não posso fazer nada, ele está se espelhando em ti a vida toda, o que querias?! Um antipolítico?”
Neném do Bertilo 
“Papai Noelzinho do céu! Quero de presente de Natal que o prefeito atenda pelo menos um pedido meu! Deixa-me ver: pode ser a esgoto para a Guarda do Cubatão; se não der, pode ser que na Câmara eu consiga vistas de alguns projetos.” 
Noel: “Olha, Neném, o problema é que você é muito botocudo! Você devia se contentar com as obras que o Freccia diz ter levado para a Guarda, mas não! Teimas feito uma mula em ter tuas próprias obras! Acho que é melhor você parar de encher o meu saco e o saco do Freccia. Ele, sim, é gente boa. Vai dar pra mim até uma festa na praça e tudo! Deixa de ser invejoso, não é porque eu ganhei uma casa na praça do Ronério, o Natal Reluz da Dirce, o Natal Iluminado do Camilo, que você também tem que ganhar! Se você não criticar mais, peço pra ele te dar uma bola! É isso ou é voltar pra roça e plantar batata! Você não pode continuar tirando leite de pedra, sabes por experiência própria que leite se tira da vaca”.
Suplentes de vereador
“Querido Papai Noel! Poxa, né, fazem dois anos que estamos pedindo para assumir a Câmara e até agora nada! Por favor, vê se desta vez nos traz de presente uma cadeira na Câmara! Estamos confiantes, hein! Obrigaduuu!” 
Noel: “Queridos suplentes! Seus pedidos já me encheram muito o saco! Eu só entrego presentes, não faço milagres! Quem faz milagre, como já disse, é o tal do Menino Jesus! Outra coisa... Não é “fazem dois anos”. Cacete, não aprenderam ainda? Usem sempre “faz dois anos”. O verbo fazer no sentido de tempo não tem plural... Ah, deixa pra lá... Mas, enfim, quando vocês estiverem bem cansados de esperar por esse presente, vou lhes mandar uma cadeira, mas de balanço! Assim, vão poder ficar sonhando tranquilamente! Mas por favor, não desistam. Espelhem-se no Bala, no Sargento Lemos, no Moraes, no André Francisco e em mim, que desbanquei até aquele bobinho do Menino Jesus! É, eu sei, pra mim foi como tirar pirulito da boca de uma criança; pra vocês, é muito, muito mais difícil, pois muitas cadeiras na Câmara estão coladas nas bundas dos vereadores que pegaram mais votos e se elegeram”.
João Amândio (Bala) 
“Querido Papai Noel! Tenho sido um bom menino a vida toda. Sou obediente, prestativo e vivo dizendo ‘amém’. A única coisa que peço é que retire do meu pé os outros suplentes do Podemos que também querem o presente que ganhei antes mesmo do Natal, tá? Me ajuda?! Com respeito e admiração, tá.”
Noel: “Bala, também conhecido como João Amândio, minha coisinha bonitinha! Vá te catar! Nem se eu pedisse pra “Deus” e para o Pepê conseguiria tirar essa coisa da cabeça dos suplentes; eles vivem pra isso, independentemente de partidos! Te liga, meu! Senão eu acabo atendendo ao pedido do Kadá, que já está enchendo meu saco há muito mais tempo”. 
Tedo Ghizoni e Ezequiel Martins
“Papai Noel, aqui é o Edson Ghizoni e o Ezequiel Martins, o filho do Nelsinho. Embora eu tenha um sobrenome enrolado e pouco comum, não tem nada a ver com Heiderscheidt; uma coisa é uma coisa, outra coisa é Ghizoni, que é muito mais humilde e fácil de pronunciar! Querido velhinho, o senhor deve estar ciente da pressão que nós, vereadores eleitos, estamos vivendo, por estarmos no meio dessa briga medonha da política brasileira. Nosso medo é ficarmos sem chão! Nos ajude, nos ajude, Bom Velhinho! Há tempo andamos correndo atrás do sonho de sermos bons vereadores e o senhor sabe que esse tipo de sonho não se compra em padaria, por isso queremos que tudo que pedimos na Câmara seja atendido pelo prefeito Freccia, tá?!”
Noel: “Caro Tedo Gui, digo, Ghizoni! Em primeiro lugar, confesso a você que até hoje me enrolo todo em pronunciar Heiderscheidt. Quando pensei que não ia mais precisar me enrolar, me aparece você com o seu Ghizoni e já me pedindo milagre! Pode não ser fácil, até porque todo mundo quer o que pede, senão não pediria, não é mesmo? Mas vou fazer tudo para que teu sobrenome seja pronunciado na Câmara, nem que seja errado mesmo! Ao Ezequiel, cria do Nelsinho, deixo um conselho: reze, reze muito e espere pelo milagre, meu filho, pois a oração, mesmo quando não é atendida, acalma a alma! Espelhe-se no vice-prefeito Rosiney Horácio, que também está rezando e colocando tudo na mão de Deus”!
Edinho da Formiga 
“Papai Noel do céu, tô aqui de novo pra pedir de presente os mesmos cargos que consegui emplacar na Prefeitura e na Câmara o ano passado. Será que o senhor pode dar um jeitinho, para que tudo permaneça como se encontra?”
Noel: “Olha, Edinho, esse troço de ‘emplacar’ era coisa do Zunga e do ex-vereador Banha, quando trabalhavam no Detran, é melhor você não se meter nisso, não, até porque quem tem força lá é o Alexandre Sousa. Quanto ao dar um ‘jeitinho’, eu não sei se você não sabe ou se está se fazendo de bobo, mas eu não sou brasileiro, não, meu filho, eu sou do Polo Norte, e conosco, esquimós, não tem essa de ‘xixi minha nega’! Não é porque você é da Formiga que tens que carregar os outros o tempo todo nas costas”.
Marcílio do Escolar
“Querido Papai Noel! Aqui é o Marcílio da Cova Funda, tudo bem? Espero que o senhor me perdoe, mas essa é a primeira vez que venho até você para pedir como vereador. O senhor sabe, né, pedir como empresário, marido e pai é fácil, mas como vereador, já são outros quinhentos! Como empresário, marido e pai, a gente pede uma calcinha para a mulher, uma bicicleta para o filho, uma boneca pra filha e um ônibus escolar novo para si mesmo! Neste Natal, quero de presente só uma coisinha: ser o melhor vereador na Câmara.”
Noel: “Meu querido Marcílio, como vai nossa Cova Funda? Preciso confessar que fiquei feliz quando recebi o resultado das urnas de Palhoça e constatei que você chegou, embora ainda estejas patinando! A Câmara precisa de homens de bem como você. Quanto à permuta que me sugeriste, vou ver o que posso fazer. Meu problema é o André, o Bala, o André Francisco, o Pitanta, que já entupiram minha caixa postal de cartas pedindo a mesma coisa. Mas não esquenta, não é difícil ser o melhor na Câmara, basta não fazer cagada e fazer indicações e moções. Mas não esquece: Mocinha não pode”.
Publicado em 30/10/2025 - por Beltrano





