Por: Willian Schütz*
Levi Domingo Marques anotou no calendário o dia 23 de março como a data do seu renascimento. Ele foi um dos pacientes catarinenses transferidos para hospitais no Espírito Santo, por conta da situação crítica dos leitos em Santa Catarina. Por conta da Covid-19, Levi quase faleceu. Ele foi extubado no dia 23, ainda no estado capixaba, e só no último dia 5 de abril chegou em Palhoça.
Melhor, mas não totalmente recuperado, Levi conta que está com problemas para lembrar o que aconteceu no período em que esteve internado. “Eu me internei no hospital da Unimed, e logo fui intubado. Depois disso, não me lembro de muita coisa. Só sei que, em certo momento, eu dormi. Quando acordei, o médico perguntou se eu sabia onde eu estava. Eu disse: ‘Sim, estou no hospital da Unimed, em São José’. Mas ele me falou que não, que eu estava em um hospital no Espírito Santo”, conta Levi.
A filha, Bruna Marques, é quem tem mais memórias e registros das datas dos acontecimentos. Ela conta que o pai foi internado no Hospital Unimed de São José no dia 4 de março; no dia 7, ele foi intubado; e já no dia 10 de março foi transferido para o Espírito Santo.
Morador do Pagani, Levi chegou em Palhoça na última segunda-feira (5). Por boa parte desse período de internação, Levi Domingo ficou sozinho. Enquanto ele ainda estava intubado, estava proibida a visitação de familiares. No dia 23, quando os tubos foram removidos, a família foi avisada. Logo, esposa e filha foram até o Espírito Santo para acompanhar a fase final do tratamento.
O palhocense ficou no Hospital Meridional São Mateus, a cerca de cinco horas de viagem a partir do aeroporto de Vitória. A esposa, Cristiani Mara Pinho Marques, conta que a viagem de volta do hospital foi muito cansativa. “Só viemos quando realmente ele já estava em condições para viajar”, destaca.
Cristiani alega ter contraído a Covid-19 alguns dias antes do marido. Para ela, no entanto, bastou o isolamento social e a medicação específica para tratar a doença em casa.
Levi é taxista e atua na região central de Palhoça. Assim que descobriu que estava com a Covid-19, paralisou as atividades e iniciou o tratamento. “Eu tomava todos os cuidados que são indicados: usava máscara, disponibilizava álcool em gel, circulava com as janelas abertas… Mas, mesmo se for assim, estou com medo de voltar ainda neste ano. Enquanto não tiver vacina, não pretendo voltar”, relata o taxista.
Atualmente, ele está sem sintomas respiratórios, mas ainda diz sentir uma dor aguda e está com o corpo enfraquecido. Levi Domingo Marques conta que está se recuperando, mas que tem medo de uma possível reinfecção. A família diz que ele renasceu agora, aos 57 anos de idade.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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