Beltrano - Edição 1.003

Nem tudo que cai na rede é peixe

Definindo a internet
Poderia se dizer
Que as redes interligadas
Estão de olho em você
Para a vã comunicação
E trocas de informação
Sem precisar se mexer.

Embora um pouco antiga
Começou a estourar
Lá pelos anos dois mil
Começou a se espalhar
Parecia necessidade
Hoje é só futilidade
Por tudo quanto é lugar.

Envergonhados e sem vergonhas
Nela estão tendo a sua vez
Falam coisas ousadas
Perderam toda a lucidez
Assuntos do dia a dia
Ladroeira ou pornografia
Que escondem de vocês.

Têm nas redes sociais
Blogs e sites privados
E destes sites de fofocas
Muitas coisas têm vazado
Hoje é quase impossível
Ter chegado a esse nível
Sem ficar envergonhado.

Os políticos do Brasil
Não têm ficado calados
Pra falar mal um do outro
Vivem lá, sempre ligados
Xingam o colega de ladrão
Sem nenhuma preocupação
Entre o certo e o errado.

Quem quer plantar uma notícia
Usa um fake e se lambuza
Denúncias sem comprovação
Escondem-se feito corujas
Dão o tapa e escondem a mão
Defensores do governo e oposição
Vivem lavando roupa suja.

Começou com o Bolsonaro
Que o Lula deixou entusiasmado
Depois postaram áudios e vídeos
Cuidadosamente editados
Tem quem defenda Bolsonaro
Mas pode sair muito caro
Estão querendo cassá-lo.

Nem trabalhar, trabalham mais
Na internet, estão viciados
O político virou cantor
Mesmo muito desafinado
Anda com um nó na garganta
Fazem músicas de pilantras
E até se chamam de veado.

Depois de tanto ai, ai, ai, ai
Foram perdendo a vergonha
Acusam-se mutualmente
Virou uma coisa medonha
Escondem-se atrás da parede
Botam até a bunda na rede
Parece que fumam maconha.

O ai, ai, ai, ai se espalhou
Só o povão não ouviu
Pois as coisas ali postadas
Chegam a causar arrepio
Agora está chegando a hora
Que nos salve Nossa Senhora
A urna de vez virou bacio!

A internet aceita tudo
Formam grupos de amigos
Que pelo nível das postagens
São grupos de inimigos
Um no outro dá porrada
E a baixaria escancarada
Ao internauta dá abrigo.

No mundo da internet
Tudo é possível ocorrer
Se as distâncias encurtaram
Fala-se o que se quer dizer
Tem coisas que a rede faz
Que acho que nem Satanás
Tem coragem de fazer.

Tem desabafo de corno,
Sacanagem, putaria...
Eu já ouvi sobre suborno
Muita bosta e patifaria
Tem gente mostrando o ego
Num tiroteio de cego
Prenúncio de pancadaria.

Vê-se de tudo na rede
Lá produzem e se consomem
Pelo poder mostram a sede
Covarde lá vira homem
Na ânsia de aparecer
Querem apenas sobreviver
Pra preservar o que comem.

O que não mostrou a internet
O Congresso não botou na ata
Por exemplo, o povo não soube
Que um ao outro quase mata
Está chegando outra campanha
Muita gente daqui se assanha
Pra comprar terno e gravata.

Hoje a cena não é diferente
Política feita no pau, não no abraço
A briga virou internacional
Fazendo o brasileiro de palhaço
Até o Trump meteu seu bedelho
Só mesmo uma boa sova de relho
Pra acabar com os tarifaços. 

Facebook, Twitter, WhatsApp
São palcos de quem peleia
Para assumir o poder
Falam mal da vida alheia
Já me dizia a dona Nonoca
Na internet essas fofocas
Ainda vão pôr gente na cadeia.