Foto: DIVULGAÇÃO
O surdoatleta Diogo Trindade, radicado em Palhoça, retornou ao Brasil na última semana de novembro, após uma participação na The Summer Deaflympics 2025 em Tóquio, Japão. Na competição, ele competiu como parte da delegação brasileira e conseguiu alcançar o Top 20 entre atletas de todo o mundo.
Em Tóquio, Diogo precisou enfrentar baterias altamente disputadas, com atletas do mundo inteiro. “Foi pesado. Eram 37 países na disputa, com 164 atletas. Mas eu consegui largar forte e fazer o meu melhor representando o Brasil”, afirma.
“O meu desempenho lá na reta final me colocou no ‘Top 20’ entre os melhores atletas do mundo inteiro”, comemorou.
O atleta confirmou que, com esse resultado, garantiu a Bolsa Atleta na categoria chamada Bolsa Pódio para 2026. O incentivo é promovido pelo Governo Federal e fomenta esportistas de todo país.
Dificuldades
Apesar do bom desempenho esportivo, a viagem de Diogo à Tóquio foi marcada por desafios logísticos e de suporte. Essas dificuldades começaram antes mesmo da viagem.
Para custear as passagens, o atleta precisou organizar uma campanha de arrecadação virtual e até um jantar dançante beneficente. Com a ajuda de amigos, apoiadores e da comunidade, o sonho de representar o Brasil em uma competição mundial se realizou.
Mesmo tendo alcançado o solo japonês, alguns contratempos continuaram. “Aconteceu que nós contamos só com a passagem aérea. E, quando chegou lá, tivemos que arcar com alimentação e pagar as diárias. Essa foi a parte ruim”, explica.
Diogo também pontuou questões técnicas: "Eu acho que talvez tenha faltado, na parte técnica, um massagista, que pudesse auxiliar na parte da massagem. São vários fatores pequenos que deixaram a desejar para o atleta se destacar melhor", argumenta.
Mas um dos maiores obstáculos envolveu a escassez de intérpretes, especialmente em momentos cruciais. "Tivemos problemas muito sérios com a parte de fala. Na primeira semana, a gente teve um intérprete para nos ajudar a se comunicar. Já na segunda e na terceira semana, que eram semanas importantes, que o atleta deveria ter um intérprete, acabou fazendo falta", ressalta Diogo.
Ele cita um exemplo. "Eu tive dificuldade para me comunicar com os chineses e japoneses, no meio de uma prova. Foi quando me pediram para fazer a troca de tênis. Aí, para conversar com eles, eu tive várias dificuldades. E foi um momento muito importante, porque você tem que se comunicar rápido e resolver o problema para fazer a largada da prova", afirmou o atleta.
Para a comunicação diária, o atleta precisou usar um aplicativo de tradução no celular: "Eu falava em português, transmitia japonês, e assim a gente ia se comunicando, mas dentro da pista, que era muito importante a gente ter uma comunicação bacana, foi dificultoso".
Ainda assim, o desempenho foi um sucesso. Diogo voltou ao Brasil entre os 20 melhores surdoatletas do mundo na categoria. Agora, ele traça planos para o futuro.
Próximos desafios
Com a classificação garantida para o Sul-Americano e o Brasileiro, Diogo já tem seu foco e calendário definidos para o ano que vem. "O primeiro foco para 2026 seria o Campeonato Brasileiro, onde a gente vai fazer o melhor possível, destacar o melhor número. A gente já começa cedo o treinamento, porque a gente sabe que um ano, 2026, é um ano bem pesado para mim", destaca.
“Teremos também algumas provas nacionais e internacionais durante o ano, ainda sem data confirmada. Mas posso dizer que teremos uma programação muito forte para 2026, representando a Seleção Brasileira e o estado”, completa.
Sobre Diogo Trindade
Aos 41 anos, Diogo Trindade acumula conquistas expressivas e ocupa o primeiro lugar no ranking nacional. Em junho, brilhou no Campeonato Brasileiro de Atletismo de Surdos, realizado em São Paulo, conquistando três medalhas: ouro nos 5 mil metros, prata nos 10 mil metros e bronze nos 1,5 mil metros. A vitória nos 5 mil metros foi a que garantiu sua classificação para o evento internacional.
14/11/2025
31/10/2025