
Arquivo Confidencial do Papai Noel – Parte IV
Extra! Extra! Beltrano dá continuidade à divulgação do arquivo confidencial das cartas dos nossos políticos enviadas ao Papai Noel, pedindo o que querem ganhar no Natal e no Ano Novo!
Alexandre Sousa
“Cidadão Papai Noel! Espero que esta o encontre com perfeita saúde. Eu podia dar uma ordem ao senhor, já que sou policial civil, mas como sou humilde e gente do povo, peço que o senhor me ajude a tirar os craqueiros das ruas de Palhoça! Considere como um favor e não um presente, já que de presente eu quero continuar me elegendo! Tô contando também com o seu voto! Ah, se o senhor quiser se filiar ao PP, será bem-vindo! Já imaginou trabalhando pra mim na eleição com a sua roupa chamativa com as cores do meu partido?!”
Noel: “Olha, Xandinho, eu sei que você é policial, mas este troço de olhar de cima já foi patenteado por mim! Não é pra menos que passo o Natal subindo em telhados e descendo pelas chaminés. Quanto a usar minha imagem no PP e fazer campanha pra você, eu sinto muito, já me acostumei com a cor vermelha, que não é a tua cor preferida, eu sei. E outra coisa: eu tinha, mas hoje não tenho mais residência em Palhoça, praticamente sou um morador de rua; pra falar a verdade, recebi uma proposta pra trabalhar como velhinho propaganda da campanha daquele guri do Novo, que diz que vai vencer o candidato do prefeito! Sei que é difícil, mas se ele conseguir, com ou sem a minha ajuda, daí já são outros quinhentos! Ho, ho, ho!”
Secretário Toninho Pagani
“Eu tinha em você, Papai Noel, um ícone! Você era minha inspiração! Tanto que na eleição pra deputado, em 2014, aquela que pedi de presente no Natal de 2013, saí por aí imitando você, sendo generoso! Não esperava isso de você, sinceramente! Só quero te dizer mais uma coisinha - dói, dói muito dizer isso e pensei que nunca fosse ter coragem de dizer, mas digo em tom de desabafo -: se eu receber de presente de Natal o aval do Freccia para concorrer a prefeito na eleição de 2028, pretendo, se eleito for, mexer uns pauzinhos com meus futuros vereadores para aprovar, na Câmara, um projeto de lei proibindo a divulgação de seu nome em Palhoça! Porque você não existe! O meu Papai Noel pro resto da vida vai ser o prefeito Freccia!”
Noel: “Meu amado e estimado Toninho! Onde é que se viu tamanha injustiça contra um senhor da ‘melhor idade’, como dizia dona Dirce! Sabias que posso te processar por calúnia e difamação, sabias?! Saiba você que os direitos do idoso proíbem veementemente insultos ao Papai Noel! Você até parece aquele menininho bobinho, filho da dona Maria e de seu José, que vive me acusando de ter tomado o seu lugar no Natal! De coração, juro que não vou guardar mágoa, e para provar isso, deixo de presente um conselho: reze, reze muito e espere pelo milagre, meu filho! Siga tentando, pois só está vivo quem peleia!”
André Xavier
“Meu querido Papai Noel! Eu te escrevo desde que eu era pequenininho e corria pelos pastos do Sertãozinho, lá no Alto Aririú. Nunca vou me esquecer do carrinho de madeira que o senhor me deu. Neste Natal, eu te peço encarecidamente que não dê presente diretamente pra mim, e sim, para os bairros Alto Aririú e Ponte do Imaruim, que são os bairros que represento na Câmara! Eu te adoro quase tanto quanto adoro o Menino Jesus!”
Noel: “Vai dizer que tu és aquele menino barrigudinho, baixinho, que morava no Sertãozinho e que hoje é vereador em Palhoça?! Nunca que ia imaginar! Vou ver o que posso fazer pelo Alto Aririú e pela Ponte do Imaruim. O problema é o ciúme, meu filho, o ciúme. Fico preocupado se o Beto Wagner não vai ficar chateado comigo, pois ele também tem me pedido muuuiiiito, chega a ser chato! Por outro lado, na Ponte tem o Mário Cesar, o Alexandre Sousa, é tanto pedido que às vezes acho que vocês pensam que eu sou o prefeito Eduardo Freccia!
Arlindo Moraes
“Meu amigo Papai Noel do Céu, sabe o que eu quero de você neste Natal? Eu quero que o senhor fale com o Menino Jesus para que o Natal seja de muita paz, muito dinheiro, muita festa... Pra mim e pra todos os meus amiguinhos do Eldorado, do Brejaru e do Frei Damião; e para todos os meus amigos que votaram em mim! Quero de Natal um ano novo todinho de bom! Quero que eu continue sendo um bom vereador e que eu dê emprego para os meus amigos que tão precisando e estão esperando que eu seja o Papai Noel deles! Ah, Papai Noel, obrigado, tá! Obrigado por ter tirado do meu pé o Brant e por me deixar sozinho no Jardim Eldorado!”
Noel: “Moraeszinho, Moraeszinho, não me irrita, seu istepô! Quando vais perder esta mania de pedir pra todo mundo?! Ou você pede pra mim ou para o Menino Jesus! Escolhe! Ou será que queres ganhar presentes dos dois?! Mania feia, não?! Agora que assumisse a Câmara de novo, eu não sei o que faço contigo. É melhor você sossegar o facho e não ir com tanta sede ao pote! Também não queres ganhar na loteria, não?! Meu filho, sou apenas o Papai Noel, não estás vendo?! Quem faz milagre é o tal de Menino Jesus. Definitivamente, agora sei como você chegou à Câmara de Vereadores: pedindo!! Quanto aos presentes de Natal, você vai ter que optar: ou escolhe o dinheiro ou a saúde! Os dois não dá! Seria injustiça com o povo, que não tem nem uma coisa nem outra! Pra garantir, vou enviar para você alguns pacotes de fraldas. Nunca se sabe, e na Câmara você pode precisar! Até porque, se você não precisar de fraldas na Câmara, não vai faltar quem precise, pois cagada é o que não falta!”
Ronério Heiderscheidt
– Alô, da onde falam? – indaga Ronério.
– É da casa do Papai Noel – responde a assistente do Bom Velhinho.
– Oi, o Papai Noel está ou já saiu para o Natal?
– Um instantinho, vou transferir...
Depois de ouvir uma musiquinha natalina, Ronério escuta:
– Alô, aqui é o Papai Noel.
– Oi, Papai Noel, aqui é o Ronééério, da cidade mais dinâmica do país e da terra das oportunidaaades!
– Fala, querido Canário!
– Desculpe estar ligando pro senhor, mas é que eu estou desempregado e quero de presente de Natal um caminho para seguir. Sabe como é que é: saio candidato, não saio candidato; continuo no MDB; vou pra inciativa privada? Coisas assim...
– Me ligaste na hora certa! Estou pensando mesmo em expandir meus negócios.
– Mas Papai Noel, vamos ao motivo de minha ligação: é que desconfio que minha saída seria a iniciativa privada, e pensei que poderia – com sua autorização, é claro – lançar em Palhoça um novo modal para resolver de uma vez por todas o nosso problema de mobilidade urbana. Pensei que a gente poderia abrir uma filial, aqui em Palhoça, de uma fábrica de trenó. O que o senhor acha?
– Interessante...
– Já tenho tudo preparado, e se o senhor topar, quero inaugurar esse modal ainda antes do Natal...
– Filho, deixa eu te dizer uma coisa: eu, assim como você, sou muito de viajar, então, topo uma sociedade com você nesse empreendimento, mas você terá que resolver um problema. Os trenós, eu forneço numa boa, mas as renas – ou veados, como vocês chamam aí – terão que ficar por tua conta.
– Fechado. Então, vou chamar a imprensa e anunciar.
– Mas já? E o problema dos veados?
– Ah, deixa comigo, isso não é problema em Palhoça!
Publicado em 20/11/2025 - por Beltrano