Pelos bares da cidade
Dia desses, saí de casa
Peguei uma carona de moto,
Encontrei o Antônho do Bidunga
Nele, defeito não boto
Estava mais pra lá do que pra cá
Na Pedra Branca, no Otto.
Ele me disse que já viu rico ficar pobre
Já viu negro ficar branco
Já viu homem cambaleando
Segurando um barranco
Já viu uma velha senhora na Praça Sete
Dormindo em cima de um banco.
Já viu muito cabra macho
Beber e entrar de sola
Já viu garrafa de pinga
Na boca de rapazola
Mas disse: “Triste é ver amigo meu
Beber e virar boiola”.
Aconteceu com um amigo dele
Pois, com o tempo, virou mania
Virava um baita boiola
Somente quando bebia
Com o tempo, foi gostando
E passou a beber todo dia.
O avô do Antônho era da Barra
Não saía do Restaurante do Alemão
Bebia um copinho cheio
De cachaça com alcatrão
Hoje, bebe mais que o Antônho
Quando eles vão na Mansão.
Ele falou: “Já meu pai nunca gostou
De tomar pinga pura
Quando bebia, comia
Muito torresmo com gordura
Pra pinga descer suave
E ganhar mais gostosura”.
De mim, ninguém pode falar
Nunca fui muito de beber
Bebo todo dia um pinguinho
Só pra “modi” não esquecer
E assim, abrir o apetite
Na hora de ir comer.
Na segunda, nem pensar
Só tomo umas cervejas
Ligo o rádio na Regional
Pra ouvir música sertaneja.
Mas se bebo, não dirijo
Pra não fazer malvadeza.
Na terça, eu vou na Câmara
Para assistir à sessão
Mas antes eu encho a cara
Num bar lá no Albardão
Pois pra aguentar nossos vereadores
Só com muita pinga com limão.
Nas terças e nas quartas, tô de ressaca
Tô me sentindo um pigmeu
Mas vou encontrar a turma
Que gosta de beber como eu
E acabo enchendo a cara
No Caranguejão, no Bar do Neu.
Na quinta, estou em pedaços
Então, bebo escondidinho.
Vou no Supermercado Sul do Rio
Comprar umas garrafas de vinho
A bebida abençoada
Me deixa quase novinho.
Na sexta, não vou trabalhar
Mas se não bebo, dou um treco
A garganta está seca
E logo peço um repeteco
Então, vou tomar uns chopes
Lá no Bendito Boteco.
O sábado pra mim é sagrado
Então, dou uma de ladino
Quando a noite vai chegando
Confesso que perco o tino
A convite do editor do jornal
Acabo indo pro Divino.
No domingo, já me sinto bem
Gosto de terminar a semana com requinte
Como não gosto de beber sozinho
E antes que outro convite pinte
Fecho a semana tomando uns cubas
Com amigos no Bar do Nilton, no Passa Vinte.
O Ronério diz que não bebe mais
Porque não tem mais idade
Mas quando eu vou visitá-lo
Ele volta à mocidade
E fazemos uma maratona
Pelos bares da cidade.
As nossas esposas, coitadas,
Custam a pegar no sono,
Esperam até chegarmos
Entregues ao completo abandono,
Porque sempre ouviram dizer:
“Cu de bêbado não tem dono”.
O Beltrano também bebe
Mas só em ocasião oportuna
Quando lhe falta inspiração
Pra fazer esta coluna
Bebeu tanto no passado
Que fechou o Corredor e o Baraúna.
“Eita trem bom”, diz o Alex.
“Tudo que se bebe se mija
Mas deixo aqui um conselho
Pra quem for encher a botija
Se tu, João, for dirigir, não beba
E se for beber, não dirija”.
Publicado em 15/05/2025 - por Beltrano