Foto: DIVULGAÇÃO
Por: Lucas Benedetti*
A cirurgia bariátrica é, para muitas pessoas, um marco de transformação. Ela reduz o estômago, reorganiza o trânsito alimentar e oferece uma oportunidade concreta de recuperar saúde e qualidade de vida. Porém, o corpo humano tem memória, e essa memória às vezes tenta retornar ao padrão anterior. Por isso, mesmo após o bypass gástrico, é comum que alguns pacientes recuperem parte do peso perdido ao longo dos anos.
O que pouca gente sabe é que essa recuperação não está necessariamente ligada a falhas na dieta ou falta de disciplina. Em muitos casos, a explicação é anatômica. A passagem entre o estômago reduzido e o intestino (a anastomose gastrojejunal) pode aumentar de calibre com o tempo. Quando isso acontece, a saciedade diminui, a refeição passa rápido demais e a fome surge mais cedo. O consenso brasileiro aponta que, quando essa passagem atinge 15 milímetros ou mais, ela é considerada dilatada e pode exigir intervenção endoscópica.
Nesse cenário, surge o plasma de argônio, uma tecnologia que permite tratar a dilatação sem cirurgia. O método utiliza um jato de gás ionizado que provoca uma queimadura superficial controlada, estimulando a cicatrização e reduzindo gradualmente o diâmetro da anastomose. É um procedimento rápido, silencioso e preciso. Seu objetivo é restabelecer um calibre por volta de 12 milímetros, considerado ideal para recuperar a sensação de saciedade e melhorar o controle alimentar.
O tratamento não exige cortes nem internação prolongada. Cada sessão costuma durar de 10 a 15 minutos, com o paciente sedado. A recuperação é praticamente imediata, e o retorno às atividades habituais ocorre no mesmo dia. Em geral, são necessárias duas a três sessões, com intervalos de seis a oito semanas entre elas, permitindo que o organismo consolide a cicatrização e produza o estreitamento desejado.
A segurança do método é um de seus principais pontos fortes. O consenso brasileiro reúne dados de mais de 12 mil pacientes e demonstra que complicações graves são raras. Eventos como estreitamento excessivo, quando ocorrem, são reversíveis com pequenas dilatações endoscópicas. Esses achados reforçam que o plasma de argônio é uma opção madura, eficaz e bem estabelecida na prática clínica.
A mensagem essencial é que o reganho de peso após a bariátrica não deve ser interpretado como fracasso pessoal. É um fenômeno natural, frequentemente ligado à própria evolução da anatomia ao longo do tempo. A endoscopia moderna oferece alternativas seguras e pouco invasivas para corrigir esses ajustes e devolver ao paciente o controle sobre sua trajetória de saúde.
O plasma de argônio simboliza exatamente isso: a possibilidade de reequilibrar o caminho sem a necessidade de nova cirurgia e sem julgamentos. Em muitos casos, a jornada não exige começar de novo, mas apenas reencontrar o ponto de ajuste que permite seguir adiante com qualidade de vida e confiança.
* Médico da equipe de especialistas do Cied
Médico- CRM/ SC 23263
Cirurgião Geral-RQE 23651
Cirurgião Do Aparelho Digestivo-RQE 23682
Atendimento especializado em gastroenterologia e cirurgia geral
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