Por: Willian Schütz
Ela é patrimônio histórico reconhecido pelo Governo Federal. Também é um símbolo da herança açoriana para a cultura palhocense. Essa é a Enseada de Brito, um dos destinos mais tradicionais de Palhoça. Agora, a popular enseada está prestes a celebrar 275 anos de fundação e, por isso, a Prefeitura de Palhoça organizou uma programação especial para celebrar a data. A programação será concentrada no sábado (17), das 14h às 21h, com uma série de atividades — a maior parte delas na Casa da Cultura Açoriana.
Totalmente gratuita, a programação promovida pela Prefeitura começa às 14h, com a abertura oficial do evento. Às 14h15, acontece a apresentação do CEI Argemira Farias da Silveira, seguida, às 14h30, pelos alunos da Escola José Maria Cardoso de Veiga.
Às 14h50, é a vez da Cantoria do Divino subir ao palco, antecedendo as Rendeiras Cantadeiras da Lagoa da Conceição, que se apresentam às 15h20. A Trupe do Aririú entra em cena às 15h50, com sua performance teatral. Às 16h20, a professora Francini Will conduz uma demonstração de Taekwondo.
O músico Maycon de Souza Trio, artista contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc, vai se apresentar às 17h, e logo depois, às 18h, acontece uma apresentação de Dança Afro. Às 18h15, o público poderá visitar a exposição de Marcelo Serafim, também artista contemplado pela mesma política. Às 18h30, o historiador Marcos Matos faz sua apresentação, seguida, às 19h, por Andrea Hihl Gomes. Encerrando a programação artística, às 19h40, tem show com a animada Banda Balanço da Ilha.
O evento de aniversário ainda contará com a chamada “Rua de Lazer”, um espaço aberto com atrações para o público infantil e com feira de artesanato.
Origem
A comunidade da Enseada de Brito tem uma história marcada pela fé e pela cultura açoriana. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário foi criada oficialmente em 13 de maio de 1750, por decisão do rei Dom João V, de Portugal. O local leva o nome de seu fundador, Domingos de Brito Peixoto, que chegou da cidade de Santos (SP) em 1652, quando a região era governada pelo coronel Manoel Escudeiro Ferreira de Souza.
A nova paróquia foi desmembrada da Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré de Palhoça. Seu território é delimitado pelo Rio Cubatão (ao norte), pelo Oceano Atlântico (a leste), pelo Rio da Madre (ao sul) e pelo Parque da Serra do Tabuleiro (a oeste).
Ao longo da história, diversos padres atuaram na região. Um dos mais importantes foi o padre Vicente Ferreira, que em 1839 assumiu como vice-presidente da República Juliana — um movimento republicano catarinense. Ele faleceu em 1960.
A partir dos anos 1960, a paróquia passou por um período de assistência pastoral com a ajuda de padres de outras regiões, como o padre Henrique Wedderhoff, e depois, o padre Eugênio Kinceski. Na década de 1970, com a saída de padre Henrique, a paróquia foi desativada, passando a ser atendida pelos padres de Palhoça.
A reativação oficial da Paróquia Nossa Senhora do Rosário aconteceu somente em 13 de maio de 2000, por meio de decreto do então arcebispo Dom Eusébio Oscar Scheid. O primeiro pároco após a reativação foi o padre Valmir Laudelino Silvano. Desde então, outros padres deram continuidade ao trabalho religioso na comunidade.
Festa do Divino
Uma das principais manifestações culturais e religiosas da Enseada de Brito é a tradicional Festa do Divino Espírito Santo, considerada uma das mais tradicionais da região. Realizada anualmente, essa festividade reúne moradores e visitantes em uma celebração que mistura fé, cultura e gastronomia.
Com cortejos, missas, novenas cantadas em latim, almoço comunitário, bingo e shows, a festa preserva as raízes açorianas da Enseada de Brito. Tradicionalmente, o encerramento dessa grande festa ocorre sempre em uma segunda-feira à noite, com a participação do novo casal festeiro e a despedida do cortejo, em um clima de união e devoção.
Patrimônio histórico
Em abril deste ano, toda a importância histórica e cultural da Enseada de Brito foi reconhecida oficialmente pelo Governo Federal, uma vez que a região passou a ser considerada como Freguesia Luso-Brasileira, um patrimônio cultural nacional.
A nomeação foi anunciada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo o Governo Federal, “o tombamento resultará na inscrição das Freguesias Luso-Brasileiras nos livros do Tombo Histórico e do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, pelos valores aferidos em estudos”.
15/05/2025
14/05/2025