Por: Sofia Mayer*
Usuários do transporte coletivo em Palhoça estão relatando transtornos para efetuar viagens nas linhas municipais e intermunicipais. Isso porque, mesmo com praticamente todas as atividades econômicas retomadas, o número de ônibus circulando na cidade segue reduzido. A restrição da capacidade máxima de passageiros, estabelecida em decreto e necessária para conter a propagação da Covid-19, também limita a locomoção dos munícipes.
Segundo o decreto municipal nº 2.682, de dois de outubro, o transporte coletivo pode circular com lotação de 70% da capacidade original, no caso das linhas municipais e 50% para as intermunicipais, que são regidas por portaria estadual. A tabela define a circulação dos ônibus, de segunda à sexta-feira, com escala reduzida, e aos sábados, domingos e feriados “com horário especial a ser implementado pela concessionária”.
Na avenida Aniceto Zacchi, na Ponte do Imaruim, os pontos de ônibus estão sempre lotados. A leitora do jornal Palhocense Emilly Aviz Pastana conta que espera mais de uma hora para entrar em um veículo pelas manhãs e, quando ele chega, já está cheio de usuários de outros bairros. Os motoristas, então, não têm como parar.
Com praticamente toda a economia em funcionamento, a crítica é sobretudo de quem depende do transporte coletivo para se deslocar ao trabalho. “É um absurdo que, em plena pandemia, seja cortado o ônibus Ponte do Imaruim - Florianópolis. Devido a esse corte, a população está sem acesso a ônibus dentro do bairro, visto que passa somente em uma via”, manifesta a munícipe. Ela complementa que os coletivos estariam sem álcool em gel disponíveis e “completamente inapropriados para esse período pandêmico”.
Aglomeração nos pontos
O problema já foi sinalizado pela munícipe Stefany Martins, na Palavra do Leitor da edição 763 do jornal Palhocense. Com viagens em horários reduzidos, e sem a estrutura da Estação Palhoça disponível, ela comenta que os usuários passaram a ficar aglomerados em pontos de ônibus sem estrutura. Ponte do Imaruim e Centro de Palhoça são as regiões mais críticas.
Morando nas proximidades do shopping ViaCatarina, no Pagani, ela precisa descer no Centro de Palhoça para pegar um veículo em direção a São José ou Florianópolis. “No horário de ônibus que uso diariamente, chegamos ali às 10h20, 10h30, por aí. Muita gente junta, pois agora concentraram todos ali. Vocês imaginam: de todos os bairros, tem que descer ali para pegar o ônibus que vai para o Centro de Florianópolis”, relata.
Na volta do trabalho, à noite, a situação se repete na área central. “São dois pontos para todos os bairros, pois chegamos ali às 20h40 e praticamente todos os horários saem dali às 20h50”, manifesta Stefany.
Mudanças já foram feitas, afirma a Jotur
De acordo com Ivo Ramos da Cruz, gestor da Jotur, empresa responsável pelo transporte coletivo em Palhoça, medidas foram tomadas, nesta semana, para resolver o problema de espera. Ele explica que a “linha tronco”, como é chamada a rota que vem do bairro Aririú e faz a integração para Florianópolis, acabou prejudicada com as mudanças no entroncamento da BR-101 com a BR-202, nas proximidades do bairro.
Segundo ele, foram adicionadas novas saídas em dois pontos do Centro de Palhoça: perto do ginásio Caranguejão e na praça Sete de Setembro. “Estamos com um quadro muito bom de carros durante o dia”, informa o gestor, complementando que a situação melhorou bastante com as mudanças. “De 10 em 10 minutos carro passa nessa região. Chega a passar de cinco em cinco minutos em horário de pico”, diz.
Abertura da Estação: sem data definida
A questão da abertura da Estação Palhoça ainda é uma incerteza para a empresa. De acordo com Ivo, ela foi fechada para diminuir o contágio de Covid-19 e, com os casos novamente em ascensão no município, fica difícil falar sobre retomada.
Ele afirma ainda que a quantidade de usuários ativos hoje não justifica a reabertura do local. Antes da pandemia, a empresa transportava cerca de 50 mil passageiros, sendo que 20 mil passavam diariamente pela Estação. Agora, o número total, segundo o sistema da Jotur, está em aproximadamente 13 mil pessoas. De acordo com Ivo, caso o terminal fosse aberto, pouco mais de quatro mil usuários passariam pelo local.
O gestor afirma, ainda, que o acesso para o Centro está mais rápido, visto que não há necessidade de integração no terminal na Ponte do Imaruim.
Concentração de pessoas
As aglomerações nos pontos de ônibus, relatadas por leitores, são inevitáveis em momentos de pico e podem, de fato, ocorrer durante o desembarque, segundo o gestor. Ele afirma, porém, que a situação dura poucos minutos.
A orientação dele é de que os usuários se programem para que a descida não seja concentrada, saltando em locais alternativos, se possível.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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