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Paternidade com racismo em pauta

Conversamos com pais que enfrentam o desafio de abordar um tema tão delicado com os filhos

1927f0516cb52f04430065b2e17f7079.jpg Foto: ARQUIVO PESSOAL

Por: Sofia Mayer*

 

A pandemia é só mais um dos desafios enfrentados, diariamente, pela população negra. Prova disso é que, mesmo com altos números globais da Covid-19, o racismo não parou de fazer vítimas pelo mundo: em maio, nos Estados Unidos, por exemplo, o assassinato do cidadão negro George Floyd por um policial branco provocou a ascensão do movimento Black Lives Matter, levando multidões às ruas do país. Não demorou para que os protestos repercutissem em solo brasileiro, com manifestações que cobravam a adesão permanente ao debate racial. 

Pais negros que vivem em Palhoça revelam que, na hora de criar os filhos, é difícil não pensar na realidade discriminatória em que parte da população está inserida - dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no fim de 2019, por exemplo, revelam que, no país, cidadãos negros têm 2,7 vezes mais chances de serem vítimas de assassinato do que a população branca.

De acordo com Thiago Souza da Costa, morador do Jardim Aquárius e pai de uma criança de oito anos, a educação no cenário ainda marcado pelo racismo exige paciência e conversa. Embora não tenha sido vítima de violência física, ele conta que a discriminação acontece também de forma camuflada, com sutilezas que só quem é afetado pelo racismo estrutural consegue perceber. “Já passei por situações embaraçosas com ele, por ele ser mais claro do que eu. De a gente ir aos lugares e as pessoas ficarem olhando”, comenta. Os olhares, segundo ele, geralmente são de desconfiança. “Como se não fosse meu filho”, conta.

Ele afirma que ensinar “os valores da vida” foi a maneira encontrada para abordar o assunto com mais leveza, fazendo frente aos ataques que a população negra, historicamente, sofre. Os ensinamentos, segundo o pai, são transmitidos de acordo com o que julga apropriado para a idade: “Se ele passar por situações de racismo ou qualquer outro tipo de preconceito, ele deve se impor e não se calar”.

Praticamente sem a figura do pai biológico, Thiago conta que, quando criança, pouco se falava sobre discriminações raciais. “Não que não houvesse, mas não tínhamos essas práticas em casa, então a gente acaba aprendendo se virar sozinho mesmo”, relata. A expectativa é a de que, com o filho, a discussão possa ser abordada sem filtros, na esperança de um debate permanente sobre o tema. “Desejo para ele que seja um homem do bem, honesto e de princípios”, projeta.


Fazendo diferente

Na infância, a escola onde Thiago estudava ficava nas proximidades de uma comunidade, em Florianópolis. Ele conta que, por isso, teve contato diário predominantemente com outras crianças negras, mesmo morando em um estado onde 80% da população se declara branca, segundo a última estimativa do IBGE, de 2019. Junto aos amigos, visualizou que a cor não era o único elemento que os aproximava: ele relata que a ausência da figura paterna em casa era comum entre todos. “Geralmente, o pai se separou da mãe e arrumou outra família, e acabou a deixando de lado”, explica. Thiago viveu na Capital até os 13 anos de idade, quando se mudou para Palhoça.

Especialistas afirmam que a ligação entre raça e criminalidade é rasa e não necessariamente correta; mas a ausência paterna, segundo Thiago, poderia ser uma das justificativas para casos de pessoas negras que se envolvem com o crime: “Eu mesmo convivi muito pouco com meu pai biológico, mas tive um padrasto que chamo de pai até hoje”. Para ele, essa presença foi importante para garantir um futuro diferente. Hoje, com 31 anos, Thiago atua como técnico em mecânica. 

A ideia é inspirar o filho a também investir em si: “Como eu não tive meu pai presente, eu jurei que, com meu filho, seria diferente. Por isso, tento ser o melhor pai”.


Um novo Dia dos Pais 

A próxima comemoração de Dia dos Pais, no domingo (9), promete ser diferente para Thiago. É que foi só neste ano que o jovem conseguiu a guarda definitiva do filho. “A mãe dele tem outros dois filhos, e por isso, eu pedia a guarda dele. Até que, neste ano, ela me concedeu”, explica. 

Embora nunca tenha tido um relacionamento sério com a mãe da criança, ele conta que sempre esteve presente na criação e na educação do filho, e que, agora, a vida agora é outra. “Eu adoro estar com ele e fazer coisas de pai, como jogar futebol e soltar pipa”, agradece. 
 

“Riqueza no outro”

O professor de Inglês Juan Gabriel Narravo, nascido na região da Grande Buenos Aires, na Argentina, acredita que não há grandes limitações geográficas para o racismo. A fala vem de alguém que, aos 37 anos, observa diariamente situações de discriminação em notícias e redes sociais, além de experimentar casos de preconceito racial na própria família: morando em Palhoça há três anos, Gabriel, como é conhecido por aqui, é casado com uma brasileira negra. Juntos, eles tiveram a primeira filha, Naomi, há um ano e seis meses, e desde antes da sua chegada, o casal vem discutindo formas de abordar a questão com a pequena.

Para o pai, educar uma criança negra em uma sociedade marcada por um racismo que está no “inconsciente coletivo” é tarefa desafiadora. Gabriel explica que o tema deve ser abordado em casa. “Acho muito importante olhar para a diversidade como algo natural, mostrar que tem riqueza no outro”.

Racismo além do Brasil

Ele, de pele “mate” - como são chamadas, na Argentina, pessoas com tom próximo ao pardo -, conta que, durante a infância, a discriminação racial nunca foi abordada no âmbito familiar. “Os negros na história da Argentina foram exterminados”, comenta, tristemente. Pesquisas mostram que epidemias, guerras e a política de “branqueamento”, praticada no início do século 19, contribuíram para o apagamento dos povos originários.

Segundo ele, o racismo ainda segue marcante em território argentino. Gabriel conta, porém, que hoje a discriminação se limita a negros imigrantes, que vêm, sobretudo, da Bolívia, do Equador e da Venezuela. “Quando alguém é pobre, as pessoas chamam de negro, ‘o excluído’”, exemplifica. Ele conta que a própria mãe tem receio de usar a palavra. “Ela fala ‘pessoa de cor’, que é ainda mais racista. Ainda somos muito racistas na Argentina”, revela.

Sabendo do histórico de genocídio do país de origem, e levando em conta que, no Brasil, a população segue morrendo por causa de sua cor, Gabriel afirma que quer fazer diferença: “Pensamos muito em passar isso para a Naomi, para que ela possa passar para os seus filhos o mesmo pensamento, e que possa conviver e mostrar uma atitude diferente na escola, imitando os seus pais”.

* Sob a supervisão de Luciano Smanioto


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