Dois morros, duas histórias, dois destinos
Dois morros, duas histórias, dois destinos que dividem o mesmo céu palhocense. De um lado, o Morro dos Cavalos, ao sul da cidade, cenário de empurra-empurra político e institucional há décadas. O Morro da Morte, entre faixas indígenas, promessas de túneis e incontáveis acidentes, tornou-se um símbolo do abandono e da omissão. Do outro lado, o imponente Morro da Pedra Branca, cartão-postal natural da região, referência turística e trilha preferida de aventureiros e amantes da natureza, que nesta semana virou manchete por outro motivo: está sendo vendido.
Enquanto um morro vive o drama de não ter dono nem destino, o outro faz crescer um medo de que seja moldado por novos interesses. O Morro dos Cavalos parece não ser de ninguém: não pertence aos cavalos, tampouco aos indígenas (já que a briga judicial pela área ainda não findou), e menos ainda à população que vê o tempo passar sem que promessas virem concreto, e sem que a solução venha a galope. Já o Morro da Pedra Branca, ao contrário, tem sido palco de uma disputa silenciosa, onde o risco não está nos acidentes, mas na possibilidade de que a lógica do lucro se sobreponha à preservação. As mesmas leis ambientais que emperram as melhorias no Morro dos Cavalos serão fortes o suficiente para proteger a Pedra Branca?
No mundo das fábulas, tudo é possível — até mesmo imaginar uma conversa entre esses dois morros. O que diria a altiva Pedra Branca ao seu vizinho mais esquecido? Será que o Morro dos Cavalos pediria socorro ou ofereceria conselhos sobre resistência? Talvez, juntos, eles compartilhassem a dor de ver suas histórias decididas por outros. Talvez preferissem que tudo não fosse mais do que pedra sobre pedra!
Publicado em 07/08/2025 - por Palhocense