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Guarda do Embaú: a relevância de ser uma RMS

Às vésperas de workshop regional que vai contribuir para a elaboração de um programa nacional, presidente do Comitê Gestor Local da Nona Reserva Mundial de Surf Guarda do Embaú faz balanço das ações

42027346be580511b5f0041b23f89498.jpeg Foto: DIVULGAÇÃO

Por: Marcos Aurélio Gungel (Kito)*

 

As vésperas do Workshop Regional sobre Reservas de Surf para a construção do Programa Brasileiro (reservasdesurf.org), evento online e gratuito que será realizado entre os dias 11 e 12 de março para os públicos das regiões Sul e Norte/Nordeste, apresentamos aqui, após cinco anos da aprovação, um balanço atualizado dos principais passos, ações e conquistas relativas ao plano de gestão (stewardship plan) da Nona Reserva Mundial de Surf (RMS) Guarda do Embaú, a primeira reserva de surfe do Brasil.

Após três anos de candidatura, a Guarda do Embaú foi aprovada em 27 de outubro de 2016 pela ONG Save The Waves Coalition (STW, savethewaves.org) como a Nona Reserva Mundial de Surf (RMS), a primeira do país. Composta pelas ondas no meio da praia, no costão esquerdo, Prainha e parte do Rio da Madre, que desemboca no mar e que divide os municípios de Palhoça e Paulo Lopes, em Santa Catarina, a Guarda foi eleita com base em quatro critérios: qualidade das ondas, características únicas ambientais, cultura do surfe e tradições locais e apoio da comunidade.

No ano seguinte após a aprovação, o Comitê Gestor Local esteve reunido durante uma semana com o diretor do Programa das Reservas Mundiais da STW à época, Nick Mucha, e com a representante da Conservation Internacional (CI), Renata Pereira, para definir as diretrizes que norteariam o “stewardship plan” e estabelecer a “missão” da Nona Reserva Mundial de Surf, cujo conceito foi assim aprovado: “Ter um modelo de conservação da natureza que respeita e valoriza a identidade cultural local”.

Desse planejamento, ações específicas foram escolhidas para auxiliar nas respostas mais imediatas, a fim de melhorar nossa percepção do valor do ecossistema de surfe. A primeira delas foi entender o impacto econômico do turismo do surfe no local e a segunda foi monitorar constantemente a qualidade da água superficial do Rio da Madre. Também entrou na pauta a escolha do embaixador, programa para diminuir os resíduos sólidos na localidade, produção de um livro, celebração oficial e contato com órgãos públicos e entidades ligadas ao nosso propósito, entre outros.

 

Impacto econômico do turismo do surfe

A pesquisa que avaliou o valor econômico da onda, denominada Surfonomics, já foi concluída e apresentada em 2019, na I Conferência Pan-Americana das Ondas, durante a cerimônia de dedicação oficial da Nona Reserva Mundial de Surf, na Guarda do Embaú.

Coordenada pelo professor Marcos Bosquetti, da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), com o apoio do professor Marcos Souza, da Faculdade Municipal de Palhoça (FMP) – ambos do Comitê Gestor Local e da STW –, a pesquisa concluiu que a prática do surfe atraiu, em 2018, cerca de 4 mil surfistas turistas, que permaneceram em média seis dias, gastando 61 dólares diariamente, o que contribuiria com mais de 4,2 milhões de dólares para a comunidade local, que tem cerca de mil habitantes. São informações valiosas e importantes que o gestor público precisa saber na hora da tomada de decisão. A intenção é realizar futuramente outra fase da pesquisa.

 

 

Análise da água superficial do Rio da Madre

O outro foco do planejamento foi iniciado em 2018, com o monitoramento da qualidade da água superficial do Rio da Madre, que é fundamental para a vida do lugar e para o ecossistema do surfe, principalmente para a formação das ondas. O responsável técnico pelo projeto é o biólogo Geraldo da Rosa (vice-presidente do Comitê Gestor Local da RMS), com o suporte laboratorial da empresa QMC Saneamento (Florianópolis) e o aporte da Save The Waves Coalition.

Em 2018, foram feitas análises mensais em nove pontos. O relatório anual também foi apresentado em 2019, na I Conferência Pan-Americana das Ondas, e que nos revelou dados positivos, concluindo que a água, apesar de algumas inconstâncias, apresentou-se boa.

Em 2020, devido à pandemia de Covid-19, a pesquisa biogeoquímica no sistema estuarino da Bacia do Rio da Madre, realizada pelo grupo de pesquisa da Ufsc, em parceria com a RMS Guarda do Embaú, sofreu paralisação e houve a necessidade de readequar o projeto inicial.

Neste sentido, foram reduzidos os pontos de amostragens de nove para cinco e a periodicidade nesta nova fase ficou assim definida: dezembro de 2020; janeiro, fevereiro, abril, agosto, outubro e dezembro de 2021. A partir desse novo cronograma, além dos parâmetros físicos, químicos e biológicos, foi agregado às coletas outro indicador: Índice de Qualidade das Águas (IQA). Esses índices são representados pelas bandeiras nas cores: Azul (Ótima), Verde (Boa), Amarela (Aceitável), Vermelha (Ruim) e Lilás (Péssima).

A vantagem de se utilizar o IQA é a de simplificar grandes volumes de dados de parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos da qualidade de água em um único número, resultados estes que estamos informando agora em primeira mão e que serão divulgados regularmente nas redes sociais e no site da STW (savethewaves.org).

Sua aplicação é amplamente utilizada por órgãos e instituições no monitoramento das águas superficiais, e a eventual aplicação deste índice serve para indicar a presença de lançamento de esgoto sanitário no Rio da Madre, tema este que também está incluso no planejamento da RMS, com a realização, em 2019, de três Oficinas Comunitárias que definiram a “Concepção Geral do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES)” para a Guarda do Embaú.

O relatório já foi entregue ao Poder Executivo de Palhoça, cuja administração já definiu a Guarda do Embaú como local prioritário para a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto descentralizado, isto é, que seja projetado para atender somente a comunidade local. As oficinas contaram com a maioria dos atores que representam os setores da comunidade e foram coordenadas gentilmente sem custo pelo engenheiro sanitarista Lucas Arruda, apaixonado pela Guarda e que se dispôs a doar toda sua experiência.

 

Outras ações e conquistas

Por iniciativa da RMS e em parceria com a Pró-Crep (Criar, Reciclar, Educar e Preservar), está sendo construído o Programa Selo Verde (PSV) – “Nossa Praia é Praia Limpa”. Essa ação identificará, a princípio, o compromisso dos comerciantes com relação à sustentabilidade ambiental de seu empreendimento, se constituindo em uma ferramenta de apoio à sociedade e ao poder público municipal no enfrentamento dos desafios complexos que envolvem a temática ambiental do destino adequado dos resíduos sólidos. O projeto está previsto para começar no segundo semestre de 2021.

Outro fator a ressaltar é a necessidade constante de avaliar conjuntamente com a STW as demandas mais emergentes que se apresentam. Um exemplo foi a proposta da comunidade para a dragagem do Rio da Madre, no ano passado, onde o Comitê Gestor Local fez uma análise profunda e apoiou a decisão dos órgãos técnicos governamentais, cuja obra, até a presente data, está cumprindo seu papel com eficiência, sem danos à natureza.

Vale destacar que o título de Reserva de Surf poderá injetar ânimo na administração pública para melhorar a aparência com obras de infraestrutura e valorizar institucionalmente a localidade. Exemplo disso foi o portal construído na entrada da Guarda do Embaú, indicação do ex-vereador Edmilson Cruz, em 2018, que na exposição de motivos disse que “o pedido justifica-se, pois o local ganhou o título de Reserva Mundial de Surf e não foi dada nenhuma ênfase a essa conquista”. O Poder Executivo de Palhoça, por sua vez, destinou a comenda Governador Ivo Silveira, título máximo do município de Palhoça, para a Associação de Surf e Preservação da Guarda do Embaú (ASPG), pela conquista do título.

Ainda, conforme recomenda a STW, com o objetivo de fortalecer cada Reserva Mundial de Surf, um embaixador é escolhido e convidado para representar institucionalmente a RMS, e o surfista Adriano de Souza, o Mineirinho, campeão mundial em 2015, gentilmente aceitou esse desafio, que se une ao ídolo local Ricardo dos Santos (em memória), como embaixadores. Ainda, durante a Cerimônia de Dedicação Oficial da Nona Reserva Mundial de Surf, nos dias 25, 26 e 27 de outubro de 2019, durante a I Conferência Pan-Americana das Ondas, foi apresentado o livro da RMS, que conta um pouco a história desse processo e da localidade.

Portanto, a importância em ser reconhecida como uma Reserva de Surf (RMS) está na possibilidade de traçar a história, a cultura, as características ambientais e o valor econômico e social para criar um plano de gestão com o objetivo de preservar e proteger o local, principalmente nas questões de monitoramento, educação e resposta às ameaças ao ecosssistema de surfe que possam ocorrer.

Essa designação significa muito mais do que um reconhecimento para a qualidade da onda. Esse “status” nos chama para celebrar e apoiar o que nossa localidade, nossa cultura e nossas tradições significam. É também uma oportunidade para unir os surfistas e os amantes da natureza para reforçar a conscientização da sociedade sobre a necessidade de proteger zonas costeiras e as ondas sagradas no mundo.

É fato que temos muito ainda a fazer, mas a expectativa é de que os interessados no cuidado, desenvolvimento e manutenção dos nossos ecossistemas de surfe tenham uma visão mais aprofundada da importância em ser reconhecida como uma Reserva de Surf e como podemos agir, cada comunidade na sua característica, sendo fomentadores para as gerações futuras da ideia de que se “surfar é preciso, preservar é mais ainda”. 

Aloha!

 

* Gerente/Presidente do Comitê Gestor Local da Nona RMS Guarda do Embaú



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