A Comissão Parlamentar das Mães Atípicas da Câmara de Vereadores de Palhoça, presidida pelo vereador Jean Negão (PSD), dará início, na terça-feira (30), às primeiras oitivas com o objetivo de ouvir diretamente as mães atípicas do município e compreender a realidade que enfrentam no cuidado diário de seus filhos e dependentes.
Segundo relatos já apresentados, o Estado tem entregado de forma muito precária os serviços que deveriam ser úteis às famílias, deixando lacunas graves no atendimento de pessoas com deficiência e transtornos diversos. Essa realidade tem contribuído para o surgimento de ansiedade e depressão nas mães, que já lidam com sobrecarga física, emocional e financeira.
A mãe atípica Tatiane Bertotti relatou que a atualização dos dados de seu filho autista no CadÚnico levará em média 40 dias para ser concluída, o que dificultará o acesso a benefícios que lhe são inerentes. Já a dona de casa Marilda, cuja filha Renata ainda aguarda a conclusão de um laudo para diagnóstico, afirmou que o poder público a abandonou há muito tempo. Segundo ela, atualmente, sua filha não está incluída em nenhum programa de saúde ou de inclusão oferecido pelo governo.
O trabalho da Comissão será organizado em etapas: primeiro, ouvir as mães atípicas; em seguida, os profissionais particulares de saúde, que poderão indicar alternativas e necessidades técnicas; e, por fim, os gestores públicos responsáveis pelos serviços do Naep, Caps, Assistência Social e TEA.
Há muitas reclamações relacionadas à precariedade dos serviços públicos, principalmente quanto à demora na marcação de procedimentos e à falta de profissionais qualificados para atender à crescente demanda do município.
O objetivo central é reunir informações concretas para pautar uma agenda de ações que resultem em melhorias reais na qualidade de vida não apenas das pessoas com deficiência, mas também das mães atípicas, que são a fortaleza e o amparo essencial de seus dependentes.
De acordo com o presidente da Comissão, vereador Jean Negão, “a escuta é o primeiro passo para transformar a realidade”. “Vamos ouvir as mães, registrar suas demandas e construir, juntos, um plano de ação que traga dignidade e inclusão às famílias atípicas de Palhoça”, garante.
As oitivas acontecerão no plenário da Câmara de Vereadores, a partir das 15h, em reunião aberta ao público. Ressalta-se, entretanto, que apenas as mães convidadas e os membros da Comissão terão direito à manifestação formal durante os trabalhos.
Após essa etapa, a Comissão – que também é formada pelos vereadores Pepê e Alexandre de Sousa, além de outros colaboradores da sociedade civil – pretende realizar visitas no TEA, no Caps e Naep, para verificar a realidade dos serviços oferecidos e confirmar as informações coletadas. O trabalho resultará em um relatório oficial, que será encaminhado ao prefeito de Palhoça e servirá de base para a proposição de demandas e melhorias no atendimento às pessoas com deficiência e suas famílias.
Criada em 2025, a Comissão das Mães Atípicas tem como missão dar visibilidade a essas famílias, propor soluções legislativas e fomentar a inclusão social no município.