Em setembro de 2019, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro foi atingido por um dos maiores incêndios da sua história. O fogo que durou 36 horas consumiu cerca de 800 hectares da Unidade de Conservação. Hoje, passados quase dois anos do incêndio, na área afetada pelas chamas, o cinza já foi novamente substituído pelo verde da vegetação que está crescendo novamente e se recuperando totalmente.
Na área afetada, além das espécies nativas da região, até novas plantas já foram descobertas, como é o caso da Commelina catharinenses, extremamente rara, registrada como endêmica em uma parte isolada da Baixada do Maciambú, e encontrada em outras áreas recentemente. A recuperação da vegetação após o incêndio ocorre de forma natural, mas também teve a ajuda de algumas ações.
Logo após o controle do fogo, a Defesa Civil de Santa Catarina criou um Grupo de Trabalho em conjunto com o IMA, CBMSC, PMA, BAPM, PM, Polícia Civil, Defesa Civil Municipal, SDE, Secretaria de Segurança Pública de Palhoça e Instituto Çarakura, para estabelecimento de um Plano de Contingência (PLACON) para organizar o modo de enfrentamento aos incêndios na Baixada do Maciambú, como projeto piloto a ser implementado em todas as UC estaduais. Este plano, além de organizar a primeira resposta, definiu equipamentos, comunicação social, sinalização dos acessos de combate, organização de Brigadistas Voluntários, entre outros.
Outro grupo criado numa parceria do IMA com ONGs, Instituições de Ensino e com a comunidade indígena do Morro dos Cavalos, elaborou o Plano de Restauração Ecológica da Baixada do Maciambú. Este Plano também tem foco nos incêndios, mas no sentido de mitigar, de estudar os efeitos e de auxiliar a natureza a manter sua integridade.
Como resultado, foram aprovados dois projetos: um para a proteção da Commelina e outro para levantamento fitosociológico da vegetação da restinga, buscando identificar as plantas que não rebrotam após os incêndios, para que sejam reproduzidas e plantadas na região. Este segundo projeto conta com o apoio do Ministério Público Federal.
Com apoio das ONG, da Comunidade Indígena, de empresas privadas doadoras e da comunidade em geral, foram realizados plantios de espécies nativas no local atingido. Um Plano de controle de espécies exóticas invasoras foi elaborado para o planejamento de retirada de árvores como, por exemplo, o pinus. Este Plano visa o apoio de doações de trabalho por empresas privadas para o combate a estas espécies.
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro também adquiriu abafadores, bolsas costais, Kit Pick-Up com bomba e reservatório de 500 litros, bombas para coletar água de poças, lagoas, lagos e rios, além de acessórios como mangueiras, balaclavas e luvas para proteção dos combatentes.
Quando necessário, os equipamentos serão utilizados por brigadistas voluntários que serão treinados pelo Corpo de Bombeiros, em parceria com o IMA, quando a pandemia permitir. O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro formou equipes de voluntários para a região da Baixada do Maciambu, áreas montanhosas como Cambirela e para Santo Amaro da Imperatriz, ação fundamental para uma resposta rápida e eficaz no combate a incêndios.
O IMA realizou ainda outras iniciativas como:
- educação ambiental nas comunidades do entorno do parque para o tema incêndios florestais;
- início da formação de novas brigadas de prevenção e combate a incêndios;
- conversas com o município e outros atores sociais para a coleta de resíduos sólidos e entulhos que atualmente são jogados na beira das estradas;
- integração com a Companhia Águas de Palhoça para instalação de hidrantes na região;
- monitoramento ambiental.
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, maior unidade de conservação de proteção integral do Estado, foi criado em 1975, com o objetivo de proteger a rica biodiversidade da região e os mananciais hídricos que abastecem as cidades da Grande Florianópolis e do Sul do Estado.
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro ocupa cerca de 1% do território catarinense. Abrange áreas dos municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. Fazem parte do Parque as ilhas do Siriú, dos Cardos, do Largo, do Andrade e do Coral, e os arquipélagos das Três Irmãs e Moleques do Sul.
Localizado em um uma região estratégica, única e muito especial da Mata Atlântica, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro possui uma ampla diversidade de habitats. Cinco das seis grandes formações vegetais do bioma Mata Atlântica encontradas no estado estão representadas no Parque. Por essa razão, ele abriga uma biodiversidade ainda maior do que seus 84.130 hectares poderiam sugerir.
Essencial para a proteção desses ecossistemas e toda sua biodiversidade, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro também é de extrema importância por outros motivos como fornecer o abastecimento de água. Protegidas pela exuberante vegetação da unidade estão as nascentes de rios como o da Vargem do Braço, Cubatão e D’uma que formam mananciais que abastecem grande parte dos domicílios da Grande Florianópolis e do litoral sul do Estado.
Além disso, o Parque atua ainda, devido a suas características de solo, relevo e vegetação, como um importante regulador climático para essas regiões.
O Parque tem sua sede em Palhoça, na Baixada do Maciambu. O local conta com um centro de visitantes e trilhas educativas, onde o público pode ter contato com espécies nativas. O Parque possui ainda dois centros temáticos na sede dos municípios de Imaruí e de São Bonifácio.
Mas, além da infraestrutura física, o principal atrativo são as riquezas naturais. A imensidão de espécies e vegetação praticamente intocáveis torna a Serra do Tabuleiro um dos principais tesouros catarinenses.
Em Anexo fotos de setembro de 2019, registradas logo após o incêndio, e imagens da área atual, em junho de 2021.
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