Por: Sofia Mayer*
Jovens parados em casa e profissionais autônomos com remunerações incertas. Esse foi o cenário para que o palhocense Diogo Medeiros de Oliveira (Azê) decidisse ressignificar suas oficinas presenciais de desenho, passando a adotar uma metodologia de ensino completamente online, atendendo a alunos de diferentes idades e níveis técnicos, através de videochamadas. A partir da quarentena de isolamento, as aulas, que já aconteciam nas ruas, tiveram seus sentidos ampliados: agora, a ideia também é ajudar pessoas a se sentirem mais produtivas e relaxadas em meio ao contexto de medo causado pelo novo coronavírus (Covid-19). De quebra, o ilustrador garante, ainda, uma fonte de renda sem sair de casa.
Um dos grandes destaques dos cursos de Azê é a didática personalizada, com aulas direcionadas às intenções de cada aluno. “Uma aula em cima do que o aluno já sabe, baseado no nível que ele tiver, iniciante ou avançado, e direcionando para o que o aluno gosta, para o estilo que ele quer alcançar ou praticar”, explica. O procedimento é totalmente virtual, desde o ensino, em vídeo, até o pagamento, que pode ser realizado por transferência, depósito e Paypal. Cada hora de aula custa R$ 25. A ideia é respeitar o isolamento social da quarentena sem deixar de lado os benefícios da arte.
As atividades online são uma alternativa financeira para os profissionais autônomos, que acabam sofrendo com os estabelecimentos fechados. “As pessoas não estão tendo muita opção, e isso reflete na gente também: eles não encomendam artes, a gente não consegue ir para os eventos, divulgar nosso trabalho”, contextualiza Oliveira.
As técnicas do artista transitam entre desenho, ilustração, quadrinhos, comics, mangá, artes e pintura.
O professor se surpreendeu com a aceitação da modalidade virtual, e deve continuar a ensinar remotamente, mesmo quando a pandemia terminar. A busca é conciliar as aulas online com os trabalhos presenciais: “A procura vem crescendo”, garante.
Quadrinhos para a quarentena
Devido à pandemia do Covid-19, eventos de quadrinhos foram adiados e muitos artistas ficaram sem saber quando e onde poderão expor seus trabalhos novamente. Aliando, então, a necessidade de visibilidade dos autores, ao desejo de aliviar os efeitos negativos do isolamento social, quadrinistas de todo o Brasil lançaram a campanha #HQsParaAQuarentena. O projeto é inspirado em uma hashtag do Twitter chamada #coronacon, e conta com um “pacotão” de histórias de estilos e gêneros diferentes, disponíveis, de forma gratuita, durante a quarentena.
Azê é um dos artistas que contempla o time da campanha. O quadrinista afirma que o desejo de contribuir com o bem-estar das pessoas foi uma das razões que o inspirou a participar do projeto. “É muito poderosa a iniciativa de reunir tantas obras e artistas em uma mesma plataforma, gratuitamente e com o intuito de ajudar em uma campanha de saúde global”, explica. Todos os quadrinhos disponíveis no site são autorais e possuem links que direcionam para as redes sociais dos autores. A ideia também é de que os artistas recebam prestígio com a iniciativa, já que muitos têm suas rendas relacionadas a convenções, cursos e outros eventos presenciais.
AlienNinja é uma das histórias em quadrinho escolhidas por Azê para o projeto da quarentena. Ao todo, são 74 páginas ilustradas e coloridas, pautadas, essencialmente, sobre o tema da amizade. Também aparecem na lista as HQs Planeta Carnívoro - que revela uma aventura do AlienNinja com sua amiga Mina -, e O Boteco do Nico, escrito por Douglas Santellano. “Uma história de terror no melhor estilo cine trash”, contextualiza.
Cerca de 170 quadrinhos são disponibilizados, gratuitamente, no site da campanha #HQsParaAQuarentena.
Música ao vivo da sacada
Com boa parte do mundo em quarentena, shows ao vivo, realizados em varandas e sacadas, viralizaram nas redes sociais nas últimas semanas. Em Palhoça, uma iniciativa do músico e DJ Diogo Rios trouxe algo parecido para moradores de um condomínio: com um saxofone, o artista embalou os jantares das famílias, no último domingo (29), reproduzindo composições tranquilas e acolhedoras. “No finalzinho, eu coloquei umas duas músicas mais baladinha, para dar uma agitada. Sei que a criançada também gosta”, conta.
Considerando o clima de incerteza causado pela quarentena, Rios decidiu usar seu dom musical para tentar aliviar a angústia dos vizinhos. “O pessoal pediu ‘bis’, gostaram e pediram mais vezes”, afirma. Na segunda-feira (30), ele voltou à sacada do apartamento para cantar "Parabéns Pra Você" a um aniversariante do prédio. Com seis blocos, o condomínio concentra muitas famílias. “Tem muita criança, pais, que estão em casa e acabam ficando um pouco agoniados, querendo sair e ouvir uma boa música”, completa.
Os shows não têm uma data certa para acontecer de novo. A previsão é que outros cantores e instrumentistas dos apartamentos se apresentem também. “Passar um pouquinho das suas experiências para outras pessoas”, justifica Rios.
* Sob a supervisão de Luciano Smanioto
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12/12/2024
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