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A libertação, após 1.050 dias de lágrimas

Empresária da Pedra Branca lidera campanha contra a violência doméstica

2dbc7893d237d05b134686807437f2b8.jpg Foto: LUCIANO SMANIOTO

“A agressão pode ser física ou psicológica. Mas a sua atitude pode mudar essa história. Não se cale! Denuncie!” O texto do cartaz já é enfático o suficiente para encorajar as mulheres a superar o medo e a buscar ajuda para combater um dos problemas graves da nossa sociedade, o da violência doméstica. Mas a imagem da mulher agredida que ilustra a peça é ainda mais marcante. É uma imagem real. A imagem de uma mulher que viveu 30 anos em uma rotina de agressões e decidiu lutar. Elis Zordan é um exemplo, e quer usar esse exemplo para amparar outras mulheres que, como ela, vivem sob o estigma do medo.

Na entrada do Fórum de Palhoça há um mural, onde o cartaz está afixado. O mesmo acontece em outras repartições públicas. “Vou começar a colocar nos órgãos públicos, vou fazer minha campanha, vou lutar pelos meus direitos e vou ajudar essas crianças, essas mulheres. Não foi um caso só, eu vivi 30 anos de violência, de todo tipo de violência. Eu cansei. Estou fazendo por mim, estou fazendo pelas minhas filhas e por todas as mulheres. Tu não tem noção de quantas mulheres entram em contato comigo e me mandam fotos muito piores do que as minhas”, relata Elis.

Aos 37 anos, mãe de duas filhas, de 13 e 15 anos, empresária e ativista contra a violência, Elis teve uma vida difícil. O pai foi assassinado quando ela tinha seis anos. Duas semanas depois, sofreu uma tentativa de sequestro. Foi molestada sexualmente pelo irmão do padrasto, aos oito anos. Durante oito anos, foi espancada e humilhada pelo padrasto. Foi vítima de tentativa de estupro, seguida de agressão, cinco vezes, aos 15 e aos 16 anos. Foi casada durante 14 anos com um agressor. Quando finalmente se separaram, foi vítima de tentativa de feminicídio. O ex-marido invadiu a casa onde ela morava, armado com faca, no dia 31 de agosto de 2019, e a agrediu novamente - o que resultou nas marcas expostas no cartaz. 

As imagens do corpo machucado após a agressão foram parar nas redes sociais, e o caso ganhou uma repercussão estrondosa. “Eu sou a primeira mulher do Brasil a expor a própria imagem para fazer uma campanha. É uma imagem real. Não sei se não sou a primeira do mundo a fazer isso”, contextualiza.

Depois da publicação das imagens, o primeiro órgão público que entrou em contato com a empresária foi a Câmara de Vereadores de São José, através da vereadora Méri Hang (PSD). Elis foi convidada a desenvolver um trabalho junto com adolescentes nas escolas. Depois, foi a vez da Câmara de Palhoça procurá-la, através do vereador licenciado Rodrigo Quintino (PSB). No ano que vem, ela pretende ajudar o Legislativo a formatar um projeto de lei para instituir a Semana de Combate à Violência Contra a Mulher, a Criança e o Adolescente no município. “Será uma semana de conscientização”, revela.

A repercussão alcançou outros países. Elis fez cartazes em inglês e distribuiu em países como Holanda, Bélgica e Alemanha. O Aeroporto Internacional de Guarulhos também vai usar a imagem dela em todo o complexo. “Estou espalhando onde der, para que essa campanha realmente seja algo de impacto”, justifica.

Uma empresa dos Estados Unidos entrou em contato com ela e está prestando toda a assessoria necessária para montar no Brasil uma fundação de amparo a vítimas de violência - mulheres, crianças e adolescentes. “Eles trabalham temas como violência, corrupção e política em 90 países”, destaca. “Meu caso foi parar em tudo quanto é lugar depois que eu divulguei nas redes sociais”, relembra, citando exemplos na Argentina, nos Estados Unidos e na Europa. “As pessoas têm que saber por que eu estou lutado”, argumenta.

Elis também está escrevendo um livro autobiográfico, que já tem até título: “10.500 Dias de Lágrimas: Como Transformar Dores em Amores”. “Comecei a atingir de uma forma bem enfática as pessoas que estão passando por isso e que eu encorajei. Mas as mulheres ainda têm muito medo”, relata, contando o caso de outra mulher que seguiu seu exemplo e publicou nas redes sociais as imagens das lesões após a agressão, mas uma hora depois, excluiu seu perfil, depois de sofrer ameaças.

Outra forma de ajudar a disseminar a cultura da denúncia são as palestras. Elis tem sido convidada por vários órgãos para relatar sua experiência e encorajar outras mulheres a lutar contra a rotina de agressão. É um problema sério: o Brasil registrou 180 casos de estupro e 720 agressões em contexto de violência doméstica por dia em 2018, segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Nas palestras que eu dou, que é meu relato, minha história de vida, eu falo algumas coisas, não com o intuito de instigar o ódio nas pessoas, mas com o de ensinar as pessoas a se amarem, a se valorizarem”, conceitua. “Nós somos responsáveis por disseminar amor, por ensinar nossos filhos a amar. Se não começar dentro de casa, lá fora não vai acontecer”, analisa.



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Créditos: LUCIANO SMANIOTO LUCIANO SMANIOTO
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