Por: Sofia Mayer*
Mesmo depois de matéria publicada pelo Palhocense, na última quinta-feira (14), que revelava falta de água em casas no município, populares seguem relatando transtornos com a escassez na região. Em algumas residências, os banhos são de caneca, já que as caixas estão vazias. As denúncias vêm dos bairros São Sebastião, Bela Vista e Aririú.
Na casa da técnica em enfermagem Ana Carolina, no São Sebastião, o problema persiste. Há mais de uma semana sem água, o que estava ruim, ficou pior: depois de acionar a Samae, a empresa abriu uma ordem de serviço, que está registrada como executada. “Como se eles tivessem vindo aqui em casa resolver o problema, o que não aconteceu”, reclama. De acordo com a distribuidora, uma nova equipe deve voltar ao local para verificar se as manutenções solicitadas foram efetivamente realizadas.
Já na rua Alcino Lemos, no Bela Vista, a água até chega no período da madrugada, mas a intensidade é fraca demais para que consiga subir às caixas. “Hoje de manhã, às seis horas, tinha água na rua. Aproveitei para encher um balde para alguma necessidade, mas ele não encheu todo e a água já tinha acabado”, relata uma moradora. Segundo ela, a rua toda está sofrendo com a escassez. Embora tentativas de pressurização já tenham sido feitas pela Samae, a altitude da área dificulta a chegada da água. “Ontem, depois de muitas ligações, deixaram o registro, durante a madrugada, aberto para ver se teríamos algum retorno de água, mas não tivemos nada”, lamenta.
A moradora reclama ainda que a vizinhança costuma gastar água sem grandes preocupações e economias. “Tem gente lavando carro, calçadas, tapetes”, conta. A Samae alerta a população para o período de seca na região, e pede que os munícipes atentem para o seu consumo racional. A última chuva suficiente para recarregar completamente os mananciais foi registrada há meses, de acordo com informações da Prefeitura.
Prova disso é que, em uma casa no bairro Aririú, já faz mais de uma semana que os moradores tomam banho de caneca. “Liguei na Samae, e só o que eles dizem é que, se não chover, não terá água”, revela uma popular. Ela lembra da necessidade da água para realizar uma higienização correta das mãos frente ao avanço do novo coronavírus, como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “No meio de uma pandemia não se tem água para tomar banho e dar banho nas crianças”, desabafa.
Palhoça em situação de emergência
Em nota, divulgada na noite desta terça-feira (19), a Prefeitura de Palhoça declarou situação de emergência no sistema de abastecimento de água do município. A medida se deu por conta do período prolongado de estiagem, provocando a redução dos níveis de reservatórios da Casan.
De acordo com o Decreto 2.587, durante o período de estiagem, está proibido o uso de água tratada para limpar calçadas, passeios públicos, pátios de imóveis e lavar veículos. Estabelecimentos comerciais que exerçam atividade econômica que dependa do consumo de água tratada devem priorizar ações de economia. Em caso de descumprimento, o decreto prevê penalidades.
Sistema de rodízio
Palhoça adquire água tratada da Casan e a Samae faz a distribuição no município. Com o registro de baixa pressão da água, no entanto, a Prefeitura afirma que intermitências na rede estão acontecendo. Para tentar amenizar o problema, os registros da Casan estão permanecendo fechados por 12 horas, e abertos por 36 horas.
Questionada sobre a falta de água em Palhoça, a Casan afirmou que, embora venda o insumo para a Samae, não conhece o sistema interno de abastecimento no município. A empresa lembra, contudo, que a estiagem é violenta em todo o Sul do país.
* Sob a supervisão de Luciano Smanioto
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