Foto: DIVULGAÇÃO
Uma história de cura e transformação através da arte. Assim é a trajetória de Morgana Lorenzato, moradora da Barra do Aririú. Foi por meio das cores e da criatividade que ela se redescobriu e reiniciou a trajetória profissional. Agora, uma amostra desse talento está entre as atrações da exposição “Florir o Invisível”, marcada para ocorrer neste domingo (9), na Guarda do Embaú.
Segundo a organização, “a mostra reúne oito artistas contemporâneas em um encontro que busca revelar o que existe entre o visível e o indizível, aquilo que se move no corpo, no gesto e na memória, antes de se tornar imagem”. Entre esses diferentes trabalhos artísticos, estarão aquarelas inéditas feitas por Morgana.
As obras serão expostas no Instituto Casa Nobre, das 10h às 19h, com entrada gratuita. Tal como os trabalhos das demais artistas convidadas, as pinturas de Morgana trazem um olhar único para o tempo, o espaço e questões da existência mundana. “À sua maneira, desvelam o invisível: as potências do íntimo, os silêncios do inconsciente, o instante em que o corpo se transforma em território simbólico”, explica a organização do evento.
Esta não é a primeira exposição de Lorenzato. Ao longo dos últimos anos, ela se reencontrou nas artes e fez da pintura mais do que um ofício: uma ferramenta de cura e descoberta. Tudo isso ocorreu depois de uma fase com problemas de saúde mental e esgotamento profissional.
Da advocacia às artes
Morgana é natural do Rio Grande do Sul, mas encontrou um lar transformador em Palhoça. Há mais de uma década, ela reside na região e, atualmente, mora na Barra do Aririú. Antes de se dedicar à aquarela, a artista tinha outra profissão: atuou como advogada e construiu uma carreira de mais de 10 anos no ambiente corporativo, trabalhando com cobrança e recuperação de crédito.
O ritmo intenso e a pressão a levaram a um esgotamento severo. Quando ficou doente, precisou interromper a rotina e buscar um novo sentido para a vida. Ela conta que, no meio da crise, precisou se questionar profundamente sobre o que a faria feliz. "Fiquei me perguntando: o que me faria bem, o que me faria feliz? E pensei em arte. Isso porque eu precisava me conectar com algo colorido, bonito de ver, que me trouxesse alegria", relata a artista.
Embora nunca tivesse pintado antes, nem soubesse direito como funcionava a aquarela, ela insistiu no processo. Desde o início daquela busca, a arte tem se tornado seu motor de vida. "Desde então, a arte tem me acompanhado e me trazido de volta à vida", afirma Morgana.
A participação na exposição é um marco particularmente emocionante para ela. A artista já expôs em Florianópolis, inclusive algumas vezes no Jardim Botânico, e também em São Paulo, mas ressalta: "Aqui em Palhoça, onde moro, será a primeira vez que exponho. Mais que um evento, essa é uma oportunidade muito especial para mim".
Morgana é especialista em aquarela de pets e animais, sua principal área de atuação, mas seu trabalho se estende a pessoas, cenas do cotidiano, paisagens e flores, sempre trabalhando com encomendas personalizadas. Além disso, ela tem uma empresa que realiza aquarelas em eventos ao vivo, como casamentos, batizados e corporativos. Esse é um jeito de oferecer uma lembrança única daquela ocasião especial. A empresa é a Três Marias Aquarelas, que pode ser acompanhada pelo perfil @tresmariasaquarelas no Instagram.
"Os convidados podem levar uma lembrança única, uma obra de arte que dura a vida inteira", explica a empreendedora, destacando que essa é uma peça fora do padrão que faz quem recebe se sentir especial.
Na mostra "Florir o Invisível", Morgana apresenta três quadros inéditos, carregados de significado e resistência, que dialogam com o tema da exposição.
O primeiro é a obra “Ainda Somos”, que retrata uma onça e uma mulher indígena. A tela carrega uma mensagem de luta pela sobrevivência, tanto dos animais selvagens quanto dos povos originários e das mulheres, acompanhada da poderosa frase: “Tudo que a gente ainda é, apesar de. Porque existimos, mesmo quando tentam nos apagar”. A artista conta que quis deixar a obra "um pouco no imaginário das pessoas que visitarem a exposição”, mostrando as duas figuras olhando em direções opostas, como se estivessem atentas ao mundo.
Em um tom mais leve, o quadro “A Praiana” mostra uma mulher caminhando ao pôr do sol. A obra, diz Morgana, “fala sobre quantas vezes caminhamos só para espairecer, aliviar os pensamentos, deixar os problemas para trás”. A legenda é: “A energia revigorante de uma caminhada na praia e a paz que o pôr do sol nos traz”.
Por fim, o terceiro quadro se chama “Família”. Ele representa uma memória afetiva da artista, pintado a partir de uma foto de uma amiga dela, chamada Angélica. Na pintura, a retratada está com as filhas subindo uma ladeira em uma favela de Porto Alegre. Essa lembrança remonta a 2015. Apesar de ser colorida, é carregada de simbolismo e resistência.
Vale destacar que o trabalho de Morgana pode ser acompanhado através do perfil @aquarelasdamorgs no Instagram.
Florir o Invisível
A exposição “Florir o Invisível” é resultado de uma iniciativa da artista visual catarinense Beatriz Rey, que transita entre pintura, performance, dança e audiovisual. A proposta da curadoria é criar um espaço de troca entre linguagens e subjetividades.
O evento reúne, além de Morgana Lorenzato, as artistas Beatriz Rey, Eliza Makray, Gracieli Dall'Agnol, Isabelle Ricci, Joice Breda, Marília Jacques, e Talita Warnava.
O ápice da programação acontece às 16h30, com a performance “A Liturgia do Desabrochar”, em que Beatriz Rey realiza um live painting em diálogo com o público, propondo uma reflexão sobre o processo criativo como rito. A programação se encerra com uma roda de conversa entre as artistas às 17h30. Ambos os eventos contarão com intérpretes de Libras, reforçando o compromisso com a acessibilidade.
O evento é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc.
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