Nas folhas rasgadas e amareladas pela passagem do tempo, é possível ler um texto sobre o aniversário da jovem cidade de Palhoça, que à época comemorava 22 anos. A primeira página do jornal de 1916 presta uma homenagem à cidade, destacando seu potencial e relembrando fatos históricos referentes à data (veja o texto original no quadro anexo). Essa preciosidade histórica foi encontrada na Biblioteca Pública Estadual: um exemplar original do periódico “A Comarca”, datado de 23 de abril de 1916, há exatos 23 anos. Os registros mais antigos na Biblioteca datam de 1904: duas edições de “O Lidador”, de março, e uma edição de “A Voz de Palhoça”, de 1905.
Buscando conhecer como um jornal antigo da cidade de Palhoça teria abordado a passagem do aniversário do município, o jornal Palhocense chegou ao jornal “A Comarca”.
O periódico circulava semanalmente, sempre aos domingos, e possuía quatro páginas, onde se liam notícias da região, notas políticas e da vida social, telegramas, anúncios de produtos e comércios, convites de eventos, editais, entre outros textos.
A data de 24 de abril de 1894 refere-se à mudança do modelo de povoação de Palhoça, que passou da categoria de freguesia para vila. O texto de “A Comarca” destaca que naquela época o tenente-coronel Caetano Silveira de Matos havia conseguido do poder Executivo estadual a autorização para elevar o local à categoria de vila e para traçar seus limites. A antiga freguesia dependia administrativamente da cidade de São José.
Portanto, seis anos depois da Proclamação da República é publicado o decreto número 184, que eleva Palhoça à categoria de vila (município). Nas palavras do historiador palhocense Vilson Francisco de Farias, por meio do decreto foi reconhecida a importância política e econômica da comunidade em um contexto regional.
De acordo com informações do livro escrito por Farias, “Palhoça: Natureza, História e Cultura”, as primeiras eleições municipais foram realizadas quase um ano depois da publicação do decreto, no dia 7 de abril de 1895, tendo sido eleito como superintendente Bernardino Manoel Machado, além de sete conselheiros. O superintendente correspondia ao administrador municipal no período inicial da República. Ele exercia funções semelhantes às do prefeito, figura administrativa introduzida somente no ano de 1928.
Apesar da criação do município, o governo municipal ainda não possuía sede própria. De acordo com o texto do jornal “A Comarca”, a sede foi instaurada na casa particular do major José Honório da Costa. Somente 12 anos depois, em 1905, o governo foi transferido para o palácio municipal, edificado ao lado da praça central e apresentado pelo jornal na época como uma edificação “com gosto artístico e de moderna arquitetura”.
No ano seguinte, 1917, a edição do jornal circulou no dia 22 de abril, dois dias antes da data comemorativa. Naquela ocasião, o jornal publicou uma pequena nota alusiva à data na página dois.
Trecho destaca progresso de Palhoça
“Não podíamos deixar passar em esquecimento esta data, que vem attestar o progresso material e intelectual que n’aquelle tempo, isto é, ha 22 anos passados, este nosso torrão experimentava, fazendo jús a uma outra categoria político-administrativa mais elevada, mais honrosa para nós. E, assim, entrando a Palhoça em sua nova phase de vida, tem até a presente data conseguido trilhar na estrada no progresso, fasendo uma trajectoria sinão brilhante, mas em todo caso notavel, digna de ser admirada”. (Excerto do jornal “A Comarca”, transcrito exatamente como o original)