Implantado à sombra dos colonizadores açorianos, negros e alemães, o município de Palhoça acumula histórias de sobrevivência e diversidade cultural. Uma das cidades mais extensas de Santa Catarina, com 394,66 quilômetros quadrados de área, Palhoça comemora sua liberdade mais um ano, com a passagem do seu aniversário de emancipação político-administrativa. Há exatos 125 anos, no dia 24 de abril, Palhoça tornou-se comarca municipal (município) e desmembrou-se das amarras político-administrativas do município de São José.
O Decreto de Emancipação nº 184, de 1864, foi assinado pelo então governador Antônio Moreira César. Em artigo publicado na Revista História Catarina de maio de 2010, o historiador Haroldo Garcia cita um trecho de um livro de Claudir Silveira que explica a principal causa da emancipação. Além do progresso que a cidade já havia alcançado, uma represália política teria motivado a decisão: “Mandatários do município de São José eram monarquistas e aderiram aos revoltosos na Revolta da Esquadra, em 1893, que pretendia restaurar o antigo regime monárquico, substituído pela República em 1889”. O governador, querendo castigar os josefenses, assinou então a emancipação de Palhoça, que ficou com mais da metade do território de São José.
Antes de pertencer a São José, Palhoça pertenceu à antiga Nossa Senhora do Desterro (hoje Florianópolis) até o ano de 1833. No momento da emancipação, seu território totalizava 3.180 quilômetros quadrados. A partir de 1922, perdeu os territórios correspondentes aos atuais municípios de Santo Amaro da Imperatriz, Garopaba, Paulo Lopes, Rancho Queimado e São Bonifácio.
Os primeiros imigrantes
Antes de o homem branco ocupar as terras palhocenses, um grande número de índios tupis-guaranis já habitava a região, segundo comprovações obtidas a partir dos sítios arqueológicos existentes em Palhoça. A partir do século 16, com a vinda de europeus para diversas regiões do Brasil, os portugueses açorianos (oriundos das ilhas do arquipélago dos Açores, em Portugal) começaram a chegar, aumentando consequentemente, o desaparecimento indígena.
Mais de 6 mil açorianos chegaram ao Sul do Brasil entre os anos 1748 e 1756. Em Palhoça, 476 açorianos aportaram na atual Enseada de Brito, fundada como “freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Enseada de Brito” em 1750, anos antes da fundação de Palhoça, que se deu somente em 1793. Tais imigrantes produziram diferentes culturas naquela região, como mandioca, milho e feijão. Com a emancipação de Palhoça, a Enseada de Brito passou a integrar o município.
Palhoça permaneceu como arraial até 1873, quando foi elevada à condição de distrito policial. Mais tarde, em 1882, passou então à condição de freguesia, e em 1886, a distrito de paz. Somente em 1919 assumiu o título de cidade.