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Desabastecimento de água afeta a vida de moradores

Depois de sucessivas reclamações, Samae começou, nesta semana, obras que prometem melhorar a pressurização da água no São Sebastião

cd54d1ccdc9abcb8c390e51a6032119c.jpg Foto: DIVULGAÇÃO

Por: Sofia Mayer*


Uma reunião com o prefeito Camilo Martins (PSD) e moradores do São Sebastião tratou, na terça-feira (26), de alternativas para o cenário de desabastecimento enfrentado no bairro. Por conta da estiagem, todo o município está em situação de emergência desde o dia 19 de maio, mas moradores revelam que a comunidade passa por um problema a mais: devido à altitude, a água chega com dificuldade em algumas localidades, fazendo com que as torneiras sequem, e as caixas permaneçam vazias. Em caráter paliativo, foi acordado que o bairro passará a contar com uma adutora individual. As obras começaram nesta semana e devem durar cerca de 20 dias.

Um dos destaques da reunião, que também contou a participação do vereador Joel Filipe Gaspar (Pakão, Podemos), foi a decisão de implementar uma nova rede de distribuição no bairro, que deve garantir pressão nas ruas mais altas. Segundo a vizinhança, a baixa pressurização é um problema antigo, que apenas se intensificou no período de estiagem. “Há 10 anos eu sofro com a falta de água. Eu cheguei a ficar 28 dias sem água quando eu vim morar pra cá”, afirma Sandra, moradora da rua Fernanda de Souza, uma das vias mais afetadas pelo problema. “O pior de tudo é que agora também secou a bica d'água, então nós não temos como pegar”, relata.

Faz mais de 20 dias que Sandra se vira como pode nos afazeres domésticos: “Quando a água chega bem fraquinha, porque não sobe na caixa, a gente enche baldes, garrafas pet, e assim a gente vive”. Ela revela que precisou pagar um quarto de motel para a família tomar banho. “Não aguentava mais tomar banho de caneca”, relembra. Com a necessidade de intensificar os cuidados com a higiene, a fim de cumprir as orientações das autoridades de saúde frente ao avanço do novo coronavírus, a palhocense teme que esteja mais vulnerável à doença.

A moradora desabafa que, no momento, deseja apenas que a Prefeitura cumpra o que é divulgado. “Se o prefeito prometeu que teríamos água 12 por 36 horas, teríamos que ter 12 por 36. O que a gente não quer são promessas vazias. A gente quer água, a gente precisa de água”, argumenta.

Em tentativa de aumentar a pressão, a distribuição em Palhoça está sendo realizada em esquema de rodízio desde o dia 19 de maio. Uma residente da rua Alaor Silveira, porém, afirma que a água para lavar as roupas da família chega apenas a cada dois ou três dias: “Eu tenho caixa em cima da minha casa, só que apenas para cozinha e banheiro. Ela não vai para a  lavanderia”. 

Para o diretor da Samae, Sergio Matiola, o local não está com problema de escassez, mas admite que existe uma dificuldade, por conta da estiagem, de que a água se desloque até os pontos mais altos. Com a Casan, empresa que distribui o insumo à Samae, abrindo os registros às 8h, por exemplo, ele afirma que “há lugares que já terão água, e, em outros, ela vai chegar só à noite”. O diretor lembra, ainda, que os moradores das áreas mais baixas, onde o abastecimento é realizado primeiro, seguem consumindo durante todo o dia, diminuindo os recursos para quem vive próximo ao final da rede.

Embora as obras tenham começado só nesta semana, há quem tenha percebido melhoras com o sistema intermitente. É o caso da técnica em enfermagem Ana Carolina, residente do bairro há um ano. “Conforme minhas solicitações, a pressão melhorou. Dessa forma, chega até a caixa", relata. Embora reconheça que o estado vive uma época de estiagem, a moradora reforça que o problema não é de agora. “Isso vem ocorrendo ao longo de 12 meses”, destaca.

 

O que será feito
 
Nesta semana, a Samae começou uma obra, de 980 metros de extensão, para individualizar as adutoras do Madri e São Sebastião, que eram compartilhadas. A partir da implantação de um booster, a previsão é a de que tempo de chegada da água na ponta da rede do São Sebastião passe a ser de quatro horas, segundo os cálculos da empresa. Atualmente, sem que sejam feitas manobras, são necessárias até 12 horas para a água começar a chegar na região. A estimativa é a de que os procedimentos levem cerca de 20 dias para ficarem prontos.

A nova rede de distribuição, contudo, é uma alternativa paliativa. Segundo os informes da Prefeitura, existe um projeto, desde 2016, para a construção de uma caixa da água no bairro. Sandra explica que, segundo os anúncios das autoridades, a prioridade do Poder Público é a realização de obras mais acessíveis, a fim de verificar a eficácia das medidas. “Só que esse barato deles acaba saindo mais caro, porque vão fazendo medida paliativa aqui, medida paliativa ali, e, no final, se juntar tudo que gastou, vai sair mais caro”, avalia. Ela torce, contudo, que as novas tubulações melhorem a situação de falta de abastecimento da comunidade. 

 

Recomendações da Prefeitura

De acordo com o Decreto 2.587, durante o período de estiagem, está proibido o uso de água tratada para limpar calçadas, passeios públicos, pátios de imóveis e lavar veículos. Estabelecimentos comerciais que exerçam atividade econômica que dependa do consumo de água tratada devem priorizar ações de economia. Em caso de descumprimento, o decreto prevê penalidades. 

 

* Sob a supervisão de Luciano Smanioto


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