Palhoça voltou a ouvir o tique-taque da sua história. No último dia 18 de agosto de 2025, o relógio instalado na fachada do antigo prédio da Prefeitura — hoje Centro Cultural Laudelino Weiss — voltou a funcionar depois de permanecer parado por mais de 60 anos.
O gesto partiu do gerente da Fundação Municipal de Esporte e Cultura, Leandro Fox, que decidiu encarar o desafio de recuperar o mecanismo instalado na década de 1920, durante a administração do prefeito José Crisóstomo Koering.
O equipamento havia marcado o cotidiano da cidade até os anos 1960, quando deixou de funcionar, para tristeza dos moradores, que já tinham o hábito de conferir as horas ao passar pela avenida Barão do Rio Branco e pela Praça Sete de Setembro.
Não foi a primeira tentativa de resgate. Em 1998, ainda na gestão do prefeito Paulino Schmidt, o relógio chegou a ser restaurado, com a ajuda do engenheiro João Carlos Dorigoni e de um relojoeiro especialista. Contudo, a manutenção durou pouco e, pouco mais de um ano depois, o equipamento voltou a parar.
Quase 25 anos depois, a história ganhou um novo capítulo. Com ferramentas simples, paciência e dedicação, Leandro Fox desmontou as engrenagens, aplicou desengripante, ajustou o sistema eletrônico lateral e instalou uma bateria de apoio para garantir o funcionamento contínuo. Após a regulagem final, os ponteiros voltaram a marcar as horas.
“Eu olhei para ele e pensei em como era simbólico para o povo ver aquele relógio parado. Decidi tentar. E, com alguns ajustes, consegui fazer a engrenagem voltar a rodar”, relatou Fox, emocionado com a receptividade da comunidade.
Para muitos palhocenses, o retorno do relógio tem significado que vai além da mecânica. Um ditado que atravessou gerações dizia que “Palhoça não anda para frente porque o relógio não anda”. Agora, com o ponteiro em movimento, a memória coletiva também se renova, reforçando a identidade cultural da cidade.
O prédio histórico onde está instalado o equipamento também carrega um papel especial na trajetória do município. Inaugurado em 1895, durante a gestão do superintendente Bernardino Manoel Machado, o edifício abrigou Prefeitura, Câmara, Delegacia, Juizado de Paz, Cadeia Pública, Fórum e Tribunal do Júri. Em 1985, foi ampliado e reformado na administração de Neri Brasiliano Martins e, anos mais tarde, deu lugar à sede da Secretaria de Assistência Social. Desde abril de 2023, passou a funcionar como Casa da Cultura de Palhoça, espaço de valorização da arte, da memória e da história local.
O conserto do relógio é mais do que uma ação técnica: é um gesto de cidadania que devolve à cidade não apenas a marcação das horas, mas um pedaço de sua própria alma.
04/09/2025
04/09/2025
04/09/2025
02/09/2025