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Em 1954, o palhocense Cláudio Silveira estava no “olho do furacão” desencadeado pelo suicídio do então presidente Getúlio Vargas

b60e699555e7f3b0d26479d3e38cde36.jpg Foto: ARQUIVO PESSOAL

Quando se alistou no Exército, em 1952, o palhocense Cláudio Silveira não imaginava que estaria presente em um dos momentos mais marcantes da história do Brasil. Foi em 1954. Seu Cláudio estava no Rio de Janeiro quando o então presidente da República, o gaúcho Getúlio Vargas, serenamente deu o primeiro passo no caminho da eternidade, saindo da vida para entrar na história. O suicídio de Vargas abalou o país. O tiro no próprio peito foi o estopim de uma revolta popular, que só não teve consequências mais trágicas porque homens como seu Cláudio estavam lá para manter a ordem.

O dia 24 de agosto de 2019 vai marcar 65 anos da morte de Vargas. Mais de seis décadas se passaram, mas as imagens daquele dia histórico não escapam pela tela imprecisa da memória. Prestes a completar 85 anos, seu Cláudio lembra de tudo, em detalhes. Ele se alistou em 1952, e no ano seguinte foi chamado para integrar o prestigiado Primeiro Batalhão de Polícia do Exército. “Fiquei orgulhoso, afinal de contas, a Polícia do Exército era muito respeitada”, relembra.

Em casa, o clima era de consternação. “Parecia que eu ia para a guerra. Minha mãe e meus irmãos se grudaram em mim e choraram tanto, tanto, tanto”, relata. Não que o país estivesse, de fato, em guerra. Mas o clima era de tensão, com os ataques do jornalista Carlos Lacerda ao governo Vargas e a reação fervorosa dos getulistas.

Seu Cláudio embarcou rumo ao Rio de Janeiro junto com outros 150 homens, todos com porte físico imponente, como ele - tem 1m83 de altura. Baixinho não entrava para o batalhão. “Tinha um que era tão grande que eles chamavam de ‘Três Andares’, como se fosse o nome dele”, detalha. “Só servia de 1m80 pra cima, ou quem tivesse uma especialidade, como motoristas, que naquela época eram raros, ou mecânicos e cozinheiros”, acrescenta. O palhocense conta que a turma de Santa Catarina era a preferida da Polícia do Exército, tanto que era conhecido como “Batalhão dos Catarinas”. Diziam que “se mandasse um catarina dar um tiro na cara, ele dava mesmo”.
A viagem começou em janeiro de 1954. Primeiro, pegou um ônibus até Joinville, e depois seguiu de trem Maria Fumaça rumo ao Sudeste do país. A Maria Fumaça ia até a Estação da Luz, em São Paulo, e de lá, pegaram um trem a diesel até a Central do Brasil, no Rio de Janeiro, onde caminhões esperavam a tropa. Os soldados embarcaram com mala e tudo nos caminhões e partiram para o batalhão, que ficava na Tijuca.

A atividade desempenhada pelo batalhão era basicamente o policiamento de Forças Armadas ou conflitos internos no país. E que conflito seria desencadeado, meses depois! Mas até agosto, tudo transcorreu às mil maravilhas. Seu Cláudio conta que a alimentação era muito boa e eles faziam ginástica praticamente o dia todo. “Era uma disciplina exagerada. Se um cara estivesse com um cabelinho maior, já tinha que levar para o batalhão para cortar o cabelo dele. Botina mal engraxada era motivo para repreensão”, descreve. “Mas foi uma das melhores épocas da minha vida, fui muito feliz”, garante.

A felicidade foi momentaneamente substituída pela sisudez em agosto de 1954. Um colega de batalhão diz que escutou o estampido na hora em que Getúlio deu o tiro no próprio peito, mas seu Cláudio não sabe se isso realmente aconteceu. Só sabe que foi, mesmo, suicídio. Acredita que os inimigos não conseguiriam invadir o Palácio do Catete para assassiná-lo; era muito bem vigiado. Ele mesmo já havia montado guarda lá, e ficado a menos de 10 metros do presidente. Mas no dia do suicídio, estava de prontidão no batalhão. Quando o apresentador Eron Domingues deu a notícia da morte no famoso programa Repórter Esso, o país foi à loucura. Ao suicídio do presidente, seguiu-se o caos. “O telefone tocava o dia todo, chamando aqui e acolá, porque o povo estava quebrando tudo. O que era do Lacerda, eles quebraram tudo. Nós chegamos lá e eles estavam em cima, derrubando os cartazes que havia no prédio (do jornal). O pau comeu e a gente atacando daqui e dali para disciplinar. O Lacerda, eles andavam procurando com um cachorro; se fosse encontrado, eles matavam ele”, registra.

Carlos Lacerda foi considerado “o culpado” pelo suicídio de Vargas, e os getulistas queriam vingança. “O povo adorava o Getúlio Vargas, foi um bom presidente”, assegura. “Consideravam ele como ‘o pai do povo’, por causa do progresso, das leis trabalhistas, da Petrobras. Ele era um homem que não tinha problema se saísse na rua. E o Carlos Lacerda ficou odiado para o resto da vida. Era um excelente orador e conseguia mover multidões, mas depois deste ato, todo mundo se voltou contra ele”, ensina seu Cláudio.

O velório, no Palácio do Catete, foi emocionante, com milhares de pessoas aos prantos se despedindo do presidente. No dia seguinte, a urna funerária foi transportada para o Aeroporto Santos Dumont, de onde partiria para São Borja (RS), terra natal de Getúlio. Mesmo após a decolagem do avião, a população permaneceu no aeroporto e a escalada do clima de tensão culminou em novo tumulto. Seu Cláudio estava lá para manter a ordem e precisou agir com rigor. “Lá a gente deu umas cacetadas. Não atirei em ninguém, mas tive que conter, porque o povo passava por cima, pisoteava mesmo. Não era para matar, era mais para conter. Mas foi um trabalho, porque o povo não ia embora. Só com muita cacetada que eles saíram”, relembra.

Com o passar do tempo, a situação se acalmou. Seu Cláudio serviu um ano no Rio de Janeiro e deixou o Exército com a patente de cabo. Voltou para Palhoça e se formou em Administração, Direito e Técnico em Contabilidade. Aposentado como superintendente do INSS, mora no Centro e leva uma vida feliz, ao lado da mulher, três filhos, cinco netos e dois bisnetos. Feliz e certo de ter cumprido seu dever com a pátria. E com saudade de Getúlio.



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