Por: Willian Schütz
A participação dos leitores sempre foi uma característica marcante ao longo da história do Palavra Palhocense. Parte disso se deve à linha editorial, estritamente local, com temas próximos do povo de Palhoça. Outro motivo para isso é o fator cultural, uma vez que a história do jornal se entrelaça com as últimas décadas de transformação da cidade. A poucas semanas de completar 1.000 edições, a reportagem do Palavra Palhocense buscou detalhes sobre os meios de participação dos leitores e a importância dessa interação.
O Palavra Palhocense surgiu em 2005, baseado no antigo O Palhocense, que circulava pela cidade desde a década de 1980. E o predecessor do semanário que conhecemos hoje tinha como principal forma de feedback o contato direto com o público: o popular “boca a boca”. Tudo isso mudou com uma reformulação que abraçou a evolução tecnológica para se comunicar com os leitores.
Desde seus primeiros exemplares, o Palavra Palhocense abriu espaço para o público opinar, criticar, sugerir e, principalmente, participar da construção do noticiário. Uma postura que, mesmo diante da revolução digital, não perdeu sua essência – apenas ganhou novas formas.
“Antes mesmo de surgirem esses canais digitais, o contato com o leitor sempre foi um dos pilares importantes da nossa forma de fazer jornalismo”, destaca o editor-chefe e fundador do Palavra Palhocense, Alexandre Bonfim. “Nosso jornalismo é muito próximo da comunidade. Por isso, é essencial saber para quem a gente está falando, o que as pessoas pensam”, acrescenta.
Ao longo do tempo, os espaços de interação se multiplicaram. A tradicional seção “Fala Palhocense” foi uma das primeiras a dar voz aos moradores, com cartas e mensagens enviadas por leitores. Com a chegada das redes sociais, essa troca de ideias se ampliou significativamente. Atualmente, além do e-mail, muitas pessoas entram em contato através dos perfis digitais — principalmente o @palhocense no Instagram.
“Hoje, toda notícia que a gente posta nas redes já se torna automaticamente um espaço aberto para opiniões. E o mais interessante é que o jornal assumiu esse papel de porta-voz da população, quase como uma bancada, um púlpito, onde os leitores podem expor seus problemas e pontos de vista”, avalia Bonfim.
Influência nas pautas
A participação ativa da população não é apenas simbólica: em muitos casos, as manifestações dos leitores reverberaram além das páginas do jornal ou das postagens online. “Diversas vezes, uma enquete nossa pautou ações públicas, porque os governantes passaram a ter acesso direto ao que pensa a população. Isso é a essência do jornalismo democrático, e nos orgulha bastante”, reforça o editor-chefe.
Um exemplo recente foi a repercussão do acidente ocorrido no Morro dos Cavalos no dia 6. O caso envolveu o tombamento de uma carreta, que explodiu e gerou um incêndio de grandes proporções: 25 veículos foram atingidos e cinco pessoas ficaram feridas. A ocorrência reacendeu a demanda por mais segurança no trajeto: uma pauta que há tempos tem apelo popular.
E assim que as primeiras imagens foram divulgadas, a comunidade se mobilizou nas redes do jornal, propondo soluções, debatendo alternativas e buscando respostas. A enquete da semana seguinte tratou exatamente do tema, perguntando se um contorno ao Morro seria viável – e, a partir daí, surgiram também sugestões de construção de uma nova beira-mar, entre outras ideias.
“O espaço das enquetes é democrático. A gente deixa claro que respeitamos todas as opiniões e incentivamos que as pessoas leiam as opiniões divergentes com respeito e abertura. Muitas vezes, a divergência gera um caminho novo, mais construtivo, e esse movimento dialético é muito interessante”, observa Bonfim.
Vale lembrar que todas as enquetes têm efeito transmídia. O conceito jornalístico traz continuidade de um assunto em diferentes meios de comunicação. Ou seja: a discussão que começa no Instagram encontra fim nas páginas do impresso, com a divulgação do resultado da respectiva pesquisa.
24/04/2025
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