Por: Willian Schütz*
As restrições em função da pandemia impactaram diversos setores, incluindo o de transporte coletivo. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), há redução média de 40,8% no número de passageiros e diminuição de 20,8% na oferta de serviços. De acordo com o gestor da principal empresa do ramo em Palhoça, os números nacionais refletem uma realidade que afeta drasticamente a Jotur.
Antes da pandemia, a Jotur operava com aproximadamente 120 ônibus, cumprindo cerca de 2,6 mil horários ao dia. Nessa época, transportava uma média diária de 52 mil passageiros.
Em junho de 2020, a empresa contava com uma média de 8 mil passageiros, segundo dados repassados pela gestão, e cerca de 30 ônibus rodando, quando a capacidade operacional estava limitada em 40%.
Contudo, segundo Ivo Ramos da Cruz, gestor da principal empresa de transporte coletivo de Palhoça, o número foi “aumentando, conforme as determinações”. “E a coisa foi andando, até que foi liberada a taxa de ocupação em 70%, transportando cerca de 18 mil passageiros em 70 ônibus”, afirma, frisando que o número é expressivamente menor e que a situação persiste.
Tudo começou no ano passado. Em toda a Grande Florianópolis, os ônibus permaneceram parados de 18 de março até o dia 17 de junho de 2020. Ou seja, por quase três meses, não houve faturamento. Ivo diz que a paralisação teve consequências negativas: “A começar pelo fato da população ter que buscar outros meios de transporte, porque a maioria do comércio na Palhoça não fechou por tanto tempo”.
E sobre as medidas de restrição para a circulação, também vale salientar que, em 2020, apesar do retorno no dia 17 de junho, os ônibus intermunicipais estiveram proibidos de transitar em Florianópolis até o dia 22 daquele mês. E a Jotur detém diversos veículos com esta finalidade, sendo a principal opção de transporte coletivo para os palhocenses que precisam ir à Capital.
Em decorrência disso, o impacto financeiro foi avassalador e a Jotur veio a demitir cerca de 50% dos funcionários.
Segundo Ivo, gestor da empresa, ainda não houve readmissão de profissionais e as novas contratações foram poucas. Entre as novas contratações, destaca-se o reforço de profissionais que fazem limpezas nos veículos.
Além disso, a Jotur aumentou os gastos para se adequar às necessidades sanitárias e vem tendo despesas astronômicas para a aquisição de álcool em gel para os veículos e máscaras para os colaboradores.
Outro problema surgiu no dia 25 de junho de 2020. Em um vídeo, um funcionário da Jotur foi flagrado influenciando passageiros a “burlar” as medidas de restrição de distanciamento. O vídeo foi amplamente divulgado nas redes sociais e, por quase um dia, ficou proibida a entrada de veículos da empresa na Capital.
No entanto, a Prefeitura de Florianópolis reviu a decisão após a Jotur assinar um termo de compromisso. A promessa foi a de melhorar as condições, esforçando-se para seguir os decretos.
A principal empresa de transporte coletivo em Palhoça segue atuando com limitação da ocupação em 70% e cerca de 70 ônibus em circulação. Para isso, segundo Ivo Ramos, o custo operacional da frota é muito maior do que o valor arrecadado. Contudo, a Jotur ainda é a principal alternativa de transporte coletivo urbano para os palhocenses.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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