066e36485bda21d774225753bd38d7ac.jpeg Palhoça Rodeio registra sucesso de público na programação de aniversário da cidade

8f5fab59f3cef9c0d3c206950aac5be1.png Fundação Municipal de Esporte e Cultura lança Edital Cultura Viva

092029f23b0120d0c9f08dc5dce8e8f2.jpeg Nova canção da banda Nós Naldeia é sucesso nas plataformas digitais

e72fc6633b486ac496ce4b12140303a5.jpeg Surfista de apenas sete anos representa Palhoça em competições

5bc0563a65cf3a0e44b6db888bf7a7a8.jpeg Equipe de Palhoça participa do Catarinense de Automobilismo neste fim de semana

c99e04c6c003ef841c89a60fad793a08.jpg Deputado Camilo Martins recebe campeã de muay thai que representará Santa Catarina na Tailândia

fe53249c1e5c8eda6f4e9a9644343a8a.jpeg “Tainá” foi dirigido por Renata Massetti e tem a atleta da Guarda do Embaú como protagonista

2b2108ddd734a84ab88bc1860b06c321.jpg Equipe da Associação Laura dos Santos é destaque em competição nacional de jiu-jitsu

Um abraço contra o bloqueio

Com anúncio de redução de 37% do custeio, unidade garante atividades normais até julho. Governo alega prioridade para o fundamental

a87fbd78663975025ef57f3920c437c1.JPG Foto: Drone JPP

Com anúncio de redução de 37% do custeio, unidade garante atividades normais até julho. Governo alega prioridade para o fundamental
Elaine Manini
Alunos, professores e servidores do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) Palhoça juntaram-se esta semana às mobilizações nacionais contra o bloqueio de verbas das universidades e institutos federais anunciados pelo governo. Na última sexta (10), cerca de 400 alunos reuniram-se em assembleia para decidir sobre a adesão às mobilizações. Nessa quarta (15), juntamente com professores e servidores, participaram em massa das manifestações que reuniram milhares de pessoas no Centro de Florianópolis. A concentração estava marcada para às 15h na Catedral. Os acadêmicos caminharam pelas ruas em direção ao terminal integrado de ônibus Ticen, e depois até a Alesc com palavras de ordem e cartazes de “Tira a mão do meu IF”.
No IFSC Palhoça o bloqueio será de R$ 539,8 mil (37,18% do custeio). Os reitores de diferentes estados tentam reverter o quadro junto ao Ministério da Educação (MEC). A diretora do IFSC Palhoça, Carmem Beck, diz que até julho as despesas com luz, água, telefone e terceirizados estão garantidas. Sobre a possibilidade de paralisação a partir de agosto, ela declara: “Estamos pensando em estratégias para reverter esse panorama. Não estamos pensando, neste momento, em paralisação das atividades, mas se as cotas não forem liberadas e se o bloqueio se mantiver, o campus vai sentir fortes impactos. Teremos um período muito difícil pela frente”.
Na segunda (13), em protesto organizado pelas instituições, os estudantes e servidores abraçaram o IFSC de manhã, de tarde e à noite. Há 27 anos na educação, Carmem lamenta as circunstâncias: “Eu sempre acreditei que a educação é a base de tudo. Na minha opinião, o que pode nos tirar dessa complexidade de problemas de hoje é a educação. Um bloqueio desses sinaliza que ela não é basilar”.
Em notícia divulgada no portal do MEC na última terça (14), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou a defender a educação básica como prioridade. Na notícia, a assessoria da comunicação do governo cita a “Coreia do Sul como exemplo que deu certo” e diz que no Brasil se faz o contrário: “tem se investido no topo, no ensino superior, antes de cuidar da base. Desde 2012, o orçamento para o ensino superior cresceu 83%. Para a educação básica, 10%. Ou seja, para universidades e institutos federais, houve um aumento 8,3 vezes maior no investimento”.

IFSC Palhoça
Na mesma segunda do protesto, o IFSC Palhoça recebeu a notícia de que um de seus cursos superiores, Tecnologias em Produção Multimídia, havia tirado a nota 5 no Conceito Preliminar de Cursos do MEC, a máxima que um curso de graduação pode receber no país. Implantado em 2010, o IFSC Palhoça é o único Ensino Profissional Bilíngue do Brasil. Possui 36 turmas de sete cursos regulares de ensino médio técnico, graduação e pós, e quatro de qualificação profissional. Hoje são 900 alunos, 307 deles vindos de outros estados, e 82 servidores. Para 2019 foram abertas mais 400 vagas.
A proposta pedagógica do IFSC Palhoça privilegia a Educação Bilíngue Libras/Português desde a escolha dos cursos aos temas de pesquisas priorizados. Há turmas só para surdos, só para ouvintes e turmas em que surdos e ouvintes compartilham o mesmo espaço. “O processo de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento de materiais didáticos, bem como as metodologias utilizadas em sala de aula consideram as especificidades da educação de surdos”, explica a servidora técnico-administrativa, Sônia Regina Santos. Ela diz também que “não são raros os alunos que chegam ao Instituto sem o domínio da língua de sinais e da língua portuguesa”. 
Dos 100 alunos surdos, muitos vieram até Palhoça de diferentes regiões do Brasil com suas famílias em busca da inclusão social propiciada pela instituição. É o caso de Luan Vinícius de Souza, 19 anos, aluno do Médio Técnico Integrado de Comunicação Visual.  Luan perdeu a audição com dois anos de idade e desde cedo os pais colocaram a família em uma rotina itinerante em busca de escolas inclusivas. No ensino fundamental, no litoral paulista, foi para uma escola que tinha uma sala para surdos, mas aos nove anos a mãe, Rita de Cássia de Souza, percebeu que ele não estava alfabetizado. Descobriram em Guarulhos um projeto modelo de deficiência auditiva: “Nem pensamos duas vezes e nos mudamos. Porém, quando ele terminou o fundamental, o sonho acabou. As escolas do estado não tinham intérprete. Conversei com uma das professoras e ela me falou do IFSC de Palhoça. Nós nunca tínhamos escutado o nome do IFSC, muito menos de Palhoça, mas resolvemos vir conhecer”. Depois disso, Rita resolveu vender o salão de beleza, o marido Iramil de Souza, deixou a fábrica de toldos que possuía, alugaram uma casa pela internet, e em 2017 vieram. 
Sobre a experiência e nova fase da vida de Luan, a mãe relata: “Quando chegamos aqui, vimos que ali era realmente o lugar dele, lugar onde praticamente todos falavam em Libras, onde ele não seria o único surdo, onde os professores eram surdos, onde ele poderia fazer não apenas o ensino médio, mas o técnico junto, lugar onde iriam prepará-lo para uma faculdade”.  Segundo Luan, “No IFSC eu me senti ótimo e aprendi muito rápido. O IFSC é diferente de outras escolas de inclusão porque os professores sabem Libras. Alguns ainda têm intérprete, mas a maioria já usa Libras. O IFSC é como minha segunda casa”. 

Pesquisa e extensão
Além da formação, a instituição também trabalha seus projetos de pesquisa e extensão voltados à comunidade surda. “A gente sonha de, por exemplo, produzir material didático e distribuir gratuitamente para ajudar os alunos surdos que moram lá numa cidadezinha pequena do interior”, diz a diretora. Carmem realça ainda o Curso de Formação Inicial Continuada de Português como Segunda Língua, que tem como perspectiva o aprimoramento e desenvolvimento da Linguagem de Sinais. Além disso, os alunos do ensino médio produzem vídeo-aulas em Libras de Astronomia e material didático de Química.
Na pesquisa de nível superior, um dos destaques é o desenvolvimento de em um aplicativo de cooperação para que voluntários possam se cadastrar e pessoas surdas consigam acessá-los quando vão a um estabelecimento comercial, por exemplo, e precisam de um intérprete para fazer a mediação. O projeto envolve quatro alunos e é coordenado pelo professor Bruno Panerai Velloso: “Isso é proveitoso para todo mundo. Do projeto surgiu uma empresa júnior que está sendo implementada aqui dentro com 20 alunos voluntários. Toda a parte visual foi desenvolvida por um aluno surdo”, explica o professor. Em 2018, o IFSC Palhoça contabilizou três projetos de pesquisa com 11 alunos bolsistas e 20 projetos de extensão, com 53.



Galeria de fotos: 2 fotos
Créditos: Drone JPP Drone JPP
Tags:
Veja também:









Mais vistos

Publicidade

  • ae88195db362a5f2fa3c3494f8eb7923.jpg