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Língua dos sinais, a harmonia entre as diferença

Crianças apresentam peça em Libras durante a quinta edição da Mostra de Teatro da Educação Infantil no Caic

852f999e3c8e50e2f87e13aa45903f9a.jpg Foto: JANA SCATOLA/ESPECIAL

A quinta edição da Mostra de Teatro da Educação Infantil do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Professor Febrônio Tancredo de Oliveira, no Passa Vinte, contou com uma apresentação muito especial. Aluninhos da turma GT4C apresentaram a peça “Salada de Frutas” em Língua Brasileira de Sinais (Libras). A atividade foi coordenada pela professora regente Ana Maria da Silva junto às acadêmicas do 6º período do curso de licenciatura em Pedagogia Bilíngue do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc), no campus da Pedra Branca, Orbele Funaki e Márcia Bruch.
A parceria do Ifsc com o Caic iniciou no dia 5 de setembro, quando cinco estagiárias da turma de 22 alunos do curso de Pedagogia Bilíngue iniciaram o estágio na escola do Passa Vinte. O desafio das estagiárias é envolver toda a comunidade escolar nesse aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras), fundamental para estabelecer a comunicação entre ouvintes e não ouvintes. “Não tem como a gente construir uma educação bilíngue, de surdos, de qualidade, se a gente não pensar na educação das crianças”, reflete a coordenadora do curso no Ifsc, Eliana Bär.
Eliana explica que o curso começou em 2017 e esta é a primeira turma que chegou ao sexto semestre. Nesta fase do curso, os alunos precisam criar ações bilíngues, que podem ser feitas com surdos ou ouvintes. Neste caso, foi feito com crianças ouvintes, em uma perspectiva de difusão da educação bilíngue. Atualmente, o Caic não possui nenhum aluno surdo, mas isso já aconteceu no passado - e certamente voltará a acontecer no futuro, é só uma questão de tempo. “Já tivemos crianças com essa necessidade na escola e não tivemos a oportunidade. Se tivéssemos, talvez o olhar de toda a comunidade escolar seria diferente. Tem professores que acabam se interessando e indo atrás desse curso, para se aperfeiçoar, e a partir do momento em que a gente tiver uma criança assim, estaremos preparados para receber essa criança. É importante a propagação da língua de sinais, não só na escola, mas na sociedade”, pondera a diretora de Educação Infantil do Caic, Diocléia dos Santos Réus. 
Por isso mesmo, as futuras pedagogas bilíngues pretendem deixar no Caic o material produzido durante o estágio. “Nossa proposta é deixar o material que a gente criou na instituição para as outras professoras irem utilizando nas próprias turmas”, relata Márcia, que durante a peça “Salada de Frutas” atuou como a narradora da história.
A história foi desenvolvida em sala de aula e trabalhou as peculiaridades individuais (representadas por cada fruta, com suas características específicas) e a harmonia entre essas diferenças (com a noção da salada de frutas). Na peça, apresentada na segunda-feira (23), as crianças do GT4C expressavam as frutas que representavam através da língua de sinais. “A proposta de início foi fazer uma peça teatral com personagens e tal, mas como a turma é muito grande e agitada (são mais de 20 alunos), a Márcia veio com a proposta de fazer uma salada de frutas e funcionou legal, eles pegaram muito rápido”, observa a professora Ana. “É enriquecedor, as crianças aprendem e elas têm uma curiosidade tremenda. É ótimo”, acrescenta.
Eliana explica que Libras é uma língua atraente para a criançada. “A criança é visual e aprende pelo lúdico, e a língua de sinais tem um potencial lúdico e visual que é intrínseco, é muito bonito. Para a criança, é uma brincadeira, elas aprendem muito rápido”, argumenta. E esse aprendizado, por mais que seja estimulado em um ambiente de brincadeira, pode ter reflexos muito sérios - e positivos - na sociedade, de uma forma geral. “O surdo, sozinho, não tem com quem se comunicar, ele se sente um indivíduo perdido, e se ele encontra uma pessoa que sabe pelo menos falar um ‘oi’ que seja para ele, ele já acha que encontrou seu lugar”, analisa a estagiária Orbele.
O estágio no colégio acontece duas vezes por semana, e termina em novembro. Até lá, as crianças vão aprender muitas coisas em Libras, espalhando uma sementinha de inclusão social em todo seu círculo de amizades. “É uma oportunidade maravilhosa de apresentarmos o que é a educação bilíngue Libras-Português. É para aquelas pessoas que não ouvem. Aqui na instituição nós não temos crianças surdas, mas estamos preparando as nossas crianças e a instituição para receber, no futuro, as crianças surdas”, avalia Márcia. 
Para o Caic, que gentilmente abriu suas portas ao Ifsc, com a anuência da Prefeitura e do diretor geral da escola, João Carlos Bernardo, foi uma experiência enriquecedora. “Para nós, este ano, foi riquíssimo. Na verdade, de um tempo para cá, estamos tendo muita proposta riquíssima, muitas com a Faculdade Municipal de Palhoça, e agora com o Ifsc, pela primeira vez”, finaliza Diocléia.

 



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Créditos: JANA SCATOLA/ESPECIAL JANA SCATOLA/ESPECIAL JANA SCATOLA/ESPECIAL
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